Revista PCE 20 anos – projeto incentiva empreendedorismo na Educação de Jovens e Adultos no município de Parintins


A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) traz uma série de três projetos apoiados pelo Governo do Amazonas, desenvolvidos no âmbito do Programa Ciência na Escola (PCE), publicados na edição especial da revista PCE 20 anos, em celebração às duas décadas do Programa no Amazonas, com o tema “Chama Revolucionária da Ciência na Educação Básica do Amazonas”. Boa leitura!

No vasto território amazônico, três municípios despontam como verdadeiros exemplos de laboratórios de iniciativas inovadoras e científica na educação básica e na preservação cultural. Separados por mais de 1.500 quilômetros de floresta e rios, Benjamin Constant, Parintins e Manacapuru demonstram que, mesmo diante dos desafios regionais, é possível transformar adversidades em oportunidades.

Hoje (28/2), você irá conhecer um projeto desenvolvido em Parintins (distante a 369 km em linha reta de Manaus), intitulado ‘Desafios na Escola Contemporânea: como trabalhar o empreendedorismo junto às representações sociais da Educação de Jovens e Adultos na Escola Estadual Irmã Sá’, incentivando o espírito empreendedor e preparando os alunos para os desafios do futuro.

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Empreendedorismo na Educação de Jovens e Adultos

Em meio às salas de aula da Escola Estadual Irmã Sá, em Parintins-AM, um movimento de transformação social e econômica ganha vida. O projeto ‘Desafios na Escola Contemporânea: como trabalhar o empreendedorismo junto às representações sociais da Educação de Jovens e Adultos na Escola Estadual Irmã Sá’ é mais do que um título; é uma missão de empoderamento e mudança. O projeto foi realizado com financiamento da Fapeam via Edital Nº 004/2022.

Graduada e licenciada em História pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a coordenadora do projeto, Ceres Patrícia Brasil Viana, revelou que a motivação para iniciar essa jornada surgiu de uma simples atividade de quebra-gelo, que desencadeou uma profunda reflexão sobre a identidade dos alunos como trabalhadores autônomos. A discussão revelou uma dura realidade: a ocupação de pequeno comerciante, embora fonte de sustento, é frequentemente vista com preconceito e discriminação pela sociedade. O projeto contou com a participação dos bolsistas: Alzenan Teixeira dos Santos, Juan Carlos Yoshii Santarém de Souza e Simara da Silva Conceição.

Segundo ela, o projeto buscou, no ano de 2022, reverter esse estigma, integrando o empreendedorismo no currículo dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), proporcionando-lhes ferramentas para serem reconhecidos como contribuintes valiosos para o desenvolvimento da sociedade. A iniciativa se alinha aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), promovendo a socialização e práticas pedagógicas que visam melhorar as condições de vida dos indivíduos.

Os objetivos eram claros: compreender e desenvolver o conceito de ação empreendedora entre os alunos, identificar as dificuldades percebidas para se tornar um empreendedor e realizar dinâmicas que facilitem a compreensão da prática empreendedora. “Com a disseminação do conceito de empreendedorismo na sociedade, o comportamento empreendedor passou a ser observado com mais atenção em ambientes onde antes não se pensava haver empreendedores”, destacou Ceres. Para a professora, foi preciso levar em consideração que os alunos do EJA são pessoas que trabalham e a maioria já tem a responsabilidade de manter a família, por isso é importante que o educador se utilize de estratégias estimulantes e adequadas para a faixa etária e para a realidade da mesma.

Métodos aprimorados

Sobre os métodos e atividades utilizados para ensinar empreendedorismo aos alunos, a professora detalhou que foram aplicados questionários para análise mais precisa das metas propostas; dinâmicas interativas sobre diferentes conceitos de empreendedorismo, identificados no estudo teórico, e foi percebido como os alunos da EJA atribuem o sentido de empreender em suas práticas econômicas.

“Organizamos exposições de atividades empreendidas e desenvolvidas pelos alunos, de forma criativa e dinâmica, onde se sentiram motivados pelo conhecimento científico e valorizados pela produção de novos empreendimentos transformadores do seu ambiente social e econômico”.

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No processo de tratamento foi tabulado, organizado, comparado, analisado e verificado todos os dados pertinentes ao estudo e reproduzidos em gráficos os resultados para divulgação e socialização.

“Por meio de questionários, exposições criativas e análise de dados, o projeto não apenas educa, mas também celebra as atividades empreendedoras dos alunos, como a confecção de bijuterias, fabricação de vassouras de garrafas pet e artesanato em madeira”, detalhou ela.

Ceres não é apenas uma professora, mas uma pioneira que integra o passado ao presente, preparando seus alunos para o futuro, já tendo coordenado projetos no PCE desde 2013. Sua especialização em Historiografia do Amazonas e sua experiência de duas décadas com os projetos do PCE/Fapeam a tornam uma educadora diferenciada. Por isso, ela fala com propriedade que os desafios são muitos, desde a falta de infraestrutura até as responsabilidades familiares que pesam sobre os ombros dos alunos adultos.

No entanto, o projeto superou esses obstáculos com métodos e atividades que ressoam com as experiências e realidades dos alunos, incentivando-os a ver o empreendedorismo como uma extensão de suas vidas e não apenas como uma disciplina escolar.

Integração dos saberes locais e conhecimento científico

Dentre os impactos, houve a integração dos saberes locais ao conhecimento científico permite que os estudantes demonstrem suas habilidades para criar, colaborar, cooperar, socializar e valorizar, além de desenvolver a capacidade de enfrentar as dificuldades e desafios encontrados em suas rotinas diárias de pequenos negócios.

O impacto é palpável. Os alunos começam a ver o empreendedorismo não apenas como uma forma de sobrevivência, mas como um caminho para a dignidade e o reconhecimento social, como é o caso do aluno Juan Carlos de Souza, de 47 anos, que compôs a equipe de bolsistas do projeto, a experiência foi muito produtiva e proveitosa, pois a ideia de quem só pode empreender é um empresário ou um comerciante ficou totalmente para trás.

“Com o projeto descobri que posso ser empreendedor como comunitário, como cidadão e até mesmo como estudante. Empreender, além de desafiador, também tem seus riscos, por isso o empreendedor é aquele sujeito proativo, que está sempre inovando”, frisou.

Leia essa e outras matérias na Revista PCE 20 anos em: https://www.fapeam.am.gov.br/wp-content/uploads/2024/07/REVISTA-PCE-WEB.pdf

Revista PCE 20 Anos

A história do PCE ao longo de duas décadas e as experiências de professores e estudantes estão registradas em edição especial da revista comemorativa do PCE 20 anos lançada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fapeam.

Com o tema principal “A chama revolucionária da ciência na educação básica”, a revista, disponível também na versão digital, apresenta dados históricos relacionados ao programa, projetos desenvolvidos no estado e depoimentos de como o PCE tem transformado vidas e aberto possibilidades para futuras gerações de cientistas e pesquisadores no Amazonas.

 

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