Rede BioPHAM rastreia novas espécies da fauna amazônica


01/03/2012 – A Amazônia chama a atenção do mundo pela sua biodiversidade, constituída em grande parte de ambientes ainda inacessíveis. Para diminuir a falta de informação com relação à fauna, um grupo de pesquisadores criou a Rede de Pesquisa para Ampliação do Conhecimento sobre a Biodiversidade de Vertebrados da Amazônia Brasileira com Aplicações sobre seu Uso e Conservação (Rede BioPHAM).

Para a coordenadora da Rede, doutora em Genética, professora Izeni Pires Farias, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), esse trabalho sobre a biodiversidade amazônica resultará na descrição, ou seja, identificação de novas espécies crípticas (que vivem em cavernas) ou não. A diferenciação entre elas, segundo a pesquisadora, está na genética das espécies, no caso, os vertebrados, que são o alvo principal do estudo.

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Prevista para iniciar no primeiro semestre de 2012, a rede BioPHAM está vinculada ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência em Ciência e Tecnologia (Pronex), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo objetivo consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de atuação em Ciência e Tecnologia no Estado do Amazonas.

Banco

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/bhio2.jpgDentre os resultados esperados estão a formação de um banco de dados genético padronizado com código de barras e com dados genéticos georreferenciados (com localização registrada), interligado às coleções de tecidos e coleção taxonômicas, além de dados biológicos e ecológicos, oportunizando o acesso às informações coletadas por outros pesquisadores. 

Nesse sentido, Farias considera que o estudo é de grande relevância para a comunidade científica, pois permite conhecer melhor a biodiversidade da fauna da região, ampliando o conhecimento de novas espécies que vivem em cavernas.

“Em biologia, um complexo de espécies crípticas, é um grupo que satisfaz a definição biológica de uma espécie. São isoladas reprodutivamente entre si, mas são morfologicamente idênticas. Os indivíduos das espécies dentro de um complexo somente podem ser separados quando utiliza-se dados que não provenham da mesma morfologia, como a análise da sequência de DNA, bioacústica ou estudos sobre o ciclo de vida”, disse a pesquisadora.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

Geografia analisada

Dentre as espécies a serem estudadas estão peixes, anfíbios e répteis, mamíferos (pequeno e médio porte, voadores e não voadores), dentre outros que vivem em seis localidades distintas da região amazônica, como a Estação Ecológica Juami-Japurá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS Piagaçu), São Gabriel da Cachoeira-Cucui (Alto Rio Negro), RDS Uatumã (Rio Jatapu), Médio Rio Trombetas e o Parque Nacional da Amazônia (Parna Amazônia) no Rio Tapajós. Segunda a pesquisadora, o processo de escolha destes locais não foi aleatório, mas determinante, por conta de suas especificidades.

O doutor em Biologia Evolutiva e Genética, Tomas Hrbek, integrante da Rede BioPHAN disse que além da análise de novas espécies haverá estudos mais consistentes no que tange à interação  das espécies. “Há sempre espécies novas a serem descobertas, entretanto, as espécies crípticas são parecidas, mas geneticamente apresentam diferenças importantes. Esse segmento da ciência é uma ferramenta que complementa e compreende a biodiversidade”, destacou.   

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/bhio3.jpgPara a pesquisadora, após os quatro anos de coleta de dados, a Rede BioPHAN irá mostrar a existência do potencial da biodiversidade amazônica a ser descrita. A pesquisadora faz um alerta sobre a perda dessa biodiversidade em razão da velocidade em que a floresta Amazônica sofre interferência humana.

“Na região do Rio Madeira, há um grande impacto antropogênico, como a construção de hidrelétricas, essa região foi estudada por meio de trabalhos científicos os quais apontam espécies novas, demarcando regiões de hibridação entre espécies, mas com a construção de hidrelétricas, tudo isso pode desaparecer”, alertou Izeni Farias.

Apoio da FAPEAM

Segundo os envolvidos no projeto os pesquisadores do Estado do Amazonas são bastante privilegiados em ter uma instituição como a FAPEAM que contribui com o crescimento da pesquisa científica e formação de recursos humanos qualificados.

“Acredito que a FAP do Amazonas investe bastante na Ciência, oportunizando a liberação de recursos para pesquisas importantes. Estamos formando recursos humanos, desde o estudante de graduação até a pós-graduação”, finalizou Farias.

Foto 1 – Cotia, roedor comum na Amazônia (Giovana Consentinni)

Foto 2 – Macaco de cheiro (Cristophe Berquet)

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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