Pós-graduação em Comunicação no Norte deve ser fortalecida
05/05/2013 – A área das Ciências da Comunicação tem escassez de cursos de pós-graduação especializados e de recursos humanos em nível de mestrado e doutorado, principalmente fora do eixo sul-sudeste. Na Região Norte, são dois programas de mestrado voltados especificamente para a comunicação, o que representa 3% de todos os cursos ofertados com concentração na área em todo País. Por conta disso, esse panorama deve ser revertido por meio de ações em rede interestaduais.
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Esse cenário foi alvo de uma mesa-redonda ‘50 anos de Comunicação e o cenário da pós-graduação na região Norte’, durante o 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte (Intercom Norte), realizada na sexta-feira, 03/05, na Faculdade Martha Falcão, zona centro-sul de Manaus.O evento foi mediado pela professora da Universidade Federal do Amazonas, Maria Emília Abud.
De acordo com a diretora-presidenta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Maria Olívia Simão, uma das debatedoras do evento, é importante unir forças entre os estados do Norte, em torno da mudança desta realidade.
Nesse sentido, a dirigente apontou alguns desafios para a pós-graduação no Norte. “É necessário aumentar quantitativamente e qualitativamente os programas na região, pois mais de 85% dos cursos nas mais diversas áreas são conceito 3, considerado o nível inicial. Além disso, é fundamental potencializar a formação em redes interestaduais, a exemplo da Rede Bionorte”, frisou.
Entre os desafios também está a criação de programas mais customizados às necessidades e potencialidades regionais. “Um dos nossos desafios é tornar a região referência nacional e internacional em RH em áreas estratégicas identificadas com as especificidades e potencialidades regionais”, afirmou.
Segundo a diretora, dados de 2011 (mais recentes) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) apontam que o País conta com 3.129 programas de pós-graduação (mestrado e doutorado), destes 152 estão distribuídos nos estados do Norte, ou seja, 5% do total dos oferecidos no Brasil.
Perspectivas
A coordenadora do Programa Comunicação, Cultura e Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e representante da Intercom na região Norte, Maria Ataíde Malcher, informou que o Norte conta com apenas 4% do volume total de doutores do País, com 3.910 titulados, de um cenário de 100.739 doutores.
Segundo ela, são 39 cursos de Comunicação Social criados na região Norte, sendo sete no Amazonas, 11 no Pará, cinco em Tocantins, quatro em Rondônia, três no Amapá, dos em Roraima e dois no Acre. Malcher contextualizou, entretanto, que o grande número de cursos foi criado nos anos 2000. O primeiro curso foi implementado na década de 60 na Ufam, o segundo nos anos 70 em UFPA.
Para Malcher esta mesa-redonda pode ser considerada um marco histórico, pois a partir deste momento será iniciado um processo para criação de uma rede interestadual com o objetivo de incrementar a formação de recursos humanos qualificados na área. “É a primeira vez que se reúnem os dois programas da região Norte e a representante da FAPEAM, constituída há dez anos. Então esta mesa é considerada um marco histórico”, destacou. “As edições da Intercom Regional proporcionam momentos como este. Se nos não tivéssemos nessa mesa, não teríamos esse encontro que fará toda a diferença”, comemorou.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Ufam (PPGCCOM), Mirna Feitoza, apresentou também os indicadores do mestrado em Manaus. Segundo ela, já são quase 30 mestres formados pelo programa, que teve início em 2008. “Do total de titulados, 63% estão atuando na docência, 43% trabalham no mercado e 23% estão tanto na docência quanto no mercado”, informou.
Feitoza afirmou ainda que este foi o primeiro mestrado acadêmico em comunicação na região Norte”, destacou. “A área de concentração do PPGCCOM compreende estudos sobre os processos de organização, transformação, produção, circulação e consumo em ambientes comunicacionais conformados pelas interações entre sistemas sociais, culturais e tecnológicos, considerando a complexidade sistêmica e informacional dos fenômenos comunicativos”, explicou.
Como desafios para este ano, a coordenadora destacou a reformulação da grade curricular do programa, bem como o planejamento estratégico para o triênio (2013-2015) e a busca pelo doutorado.
Cristiane Barbosa – Agência Fapeam