Polo naval é saída para gargalos no setor
1º/06/2012 – Navegam pelos rios da Amazônia, conforme informações da Marinha do Brasil, cerca de 1 milhão de barcos. Contudo, apenas 68 mil são regularizados. Significa que a região tem a maior frota irregular de transporte clandestino do mundo (93%). Depois da Europa, o polo mundial mais antigo e tradicional de construção naval interior é o da Amazônia, mas não há na região um polo naval que atenda às demandas relacionadas à construção de barcos, mão de obra qualificada, estrutura portuária adequada, etc. Essa foi a tônica das discussões do 6º Seminário de Tecnologias Estratégicas Brasil-Itália, idealizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Secti-AM).
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O evento foi realizado nesta quarta e quinta-feira (30 e 31/05), no auditório Eurípedes Ferreira Lins do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas no Amazonas (Sebrae-AM). Na ocasião, gestores, pesquisadores e convidados debateram as relações entre os dois países na área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
Conforme o Secretário Executivo Adjunto de Planejamento do Estado (Seplan), Ronney César Campos Peixoto, hoje, o setor emprega diretamente cerca de 10 mil pessoas, é o segundo maior do País em mão de obra, tem mais de 300 estaleiros e um faturamento aproximado de R$ 800 milhões.
Contudo, o Amazonas precisa solucionar gargalos relacionados à cadeia produtiva, como a ausência de infraestrutura, ausência de qualificação de mão de obra profissional e de financiamento, além da informalidade, que domina o setor. A alternativa seria a criação do Polo Naval, cuja pedra fundamental será lançada em 2013, ocasião em que serão concluídos os estudos de impacto ambiental e feitas as desapropriações das áreas onde possivelmente será instalado.
A previsão é de que, em 2013, também sejam iniciadas as obras de acesso viário e de infraestrutura, além da realização de licitações e audiências públicas, que tratarão sobre a criação do Polo Naval. E, em 2015, concluída a primeira etapa. “Com o projeto, a previsão é de faturamento anual de R$ 15 milhões, geração de 30 mil novos empregos diretos, além de aumento da arrecadação e passaríamos a ter uma nova matriz econômica e uma cidade operária”, pontuou Peixoto.
Distrito Naval
Na primeira etapa, o Distrito Naval ocupará uma área de 38,8 km² próxima ao Lago do Jacinto. A estimativa é de que as obras gerem mais de 20 mil empregos diretos. No local, serão construídos dois grandes estaleiros, seis médios e 60 pequenos/médios para reparos, náuticos e demais empresas da cadeia produtiva.
A segunda etapa ocupará uma área de 63,47 km², próxima ao Jatuarana, com estimativa de geração de 30 mil empregos diretos. No local será construído um grande estaleiro, cinco médios e 80 pequenos.
Conforme Peixoto, estão sendo realizados estudos fundiários, georreferenciamento e análise topográfica, ocupacional e cartorial. A previsão é que os estudos sejam concluídos até setembro de 2012. Também estão em definição os estudos geo-hidrológicos, de EIA-Rima (impactos ambientais) e de viabilidade econômica.
Capacitação
Segundo o coordenador da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Waltair Machado, para implantação do Polo Naval é preciso a criação de um plano emergencial de capacitação tecnológica, ao longo de dez anos. “A ação envolveria a certificação básica por meio de oficinas de treinamento de curta duração. Seriam treinados profissionais de nível básico, médio e especializados. Com isso, seria possível fomentar, por exemplo, carreiras de soldador, lixador, cortador-serralheiro e montador”, pontuou.
Os centros de capacitação naval funcionariam em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Senai/Cetam. A previsão é de construção de 30 ambientes de aulas e laboratórios para as atividades teóricas e práticas.
“Nos locais, seria possível reproduzir, desenvolver e ampliar o conhecimento por meio da formação de profissionais voltados para a indústria de construção e gestão naval. Além disso, os impactos econômicos seriam no aumento da receita em impostos para o Estado, geração de novos negócios e de emprego e renda, renovação da frota e incremento do turismo regional”, salientou.
Luís Mansuêto – Agência FAPEAM