Pesquisadores falam sobre legado de Niemeyer


06/12/2012 – Para o reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e doutor em Geografia Urbana, José Aldemir, o legado deixado pelo arquiteto Oscar Niemeyer tem sua importância sob o ponto de vista de se pensar os espaços urbanos como obra de arte.

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Aldemir acredita que a cidade é o espaço mais importante construído pelo homem, o qual apresenta uma aproximação com a arte e, Niemeyer sintetiza na sua arquitetura, a concretude aos sentidos estéticos das formas. “A cidade não é somente um lugar para se trabalhar, mas um espaço das relações sociais, na qual o homem cria seu ambiente de interação com outras pessoas”, comentou.

/No Brasil, Brasília permite associar esses conceitos idealizados pelo arquiteto ao plano urbanístico e nem uma outra cidade foi ponte da concretização das ideias modernistas”, disse o reitor.

O professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e, atualmente, doutorando em arquitetura pela Universidade de Brasília (UnB), Roger Pamponet, disse que o Brasil perde o arquiteto que delimitou a identidade da construção brasileira. Segundo ele, Oscar Niemeyer associa a curva do concreto com a história da cultura brasileira, vinculando a ideias do Barroco e os avanços da engenharia com a construção brasileira.

Pamponet explicou que antes de Niemeyer, o modernismo era fundamentalmente o conceito da máquina com as formas retas e ângulos definidos, entretanto, ele subverteu as formas, adotando as curvas do Barro Brasileiro criando uma nova identidade cultural.

 Obras em curvas

Niemeyer defendeu o uso do monumental na arquitetura, com certa obsessão pela leveza em contradição com o concreto. A forma é a curva, com que substituiu a tradição milenar de ângulos e retas, segundo informou Pamponet.

“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País. No curso sinuoso dos sentidos, nas nuvens do céu. No corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo”, explicava o mestre.

Ele retornou ao Brasil no início dos anos 1980, período da anistia dos exilados no governo de João Figueiredo. Para consolidar os projetos do amigo Darcy Ribeiro, antropólogo e então vice-governador do Rio de Janeiro na época de Brizola, projetou os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e o Sambódromo da capital carioca.

A cidade de Niterói é a segunda do Brasil com o maior número de trabalhos do arquiteto, depois de Brasília. Após a consagração do Museu de Arte Contemporânea (MAC), foi projetado o Caminho Niemeyer, um complexo de edificações assinadas pelo mestre, voltado para a cultura e religião.

As obras foram distribuídas ao longo da orla da Baía de Guanabara, se iniciando pelo Centro da cidade. Entre as nove construções projetadas, está o Teatro Popular, inaugurado em 2007.

Seu trabalho, sempre cheio de curvas em concreto que tornavam seu estilo inconfundível, marcou a paisagem urbana do Brasil e de outros países.

Sobre o arquiteto

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no bairro das Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, no dia 15 de dezembro de 1907. Apaixonado por futebol e pelo Fluminense, Niemeyer chegou a jogar no time juvenil do clube das Laranjeiras.

Casou com Annita Baldo aos 21 anos, quando Niemeyer ajudava o pai na tipografia. Em 1929, entrou para a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, graduando cinco anos depois. No meio do período da faculdade, em 1932, nasceu Anna Maria, sua única filha, que morreu em junho de 2012.

O casamento com Annita Baldo, a primeira mulher, durou 76 anos, quando morreu, em 4 de outubro de 2004. Casou-se novamente em 2006, com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira.

Os primeiros passos na carreira que o consagraria como um dos nomes mais influentes na arquitetura foi dado no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde fez estágio sem remuneração.

Niemeyer teve a oportunidade de conhecer outro gênio da arquitetura ao ser designado por Lúcio Costa para ajudar Le Corbusier, famoso arquiteto suíço, que estava de passagem pelo Brasil, em 1936, para colaborar com o projeto do prédio do Ministério da Educação, no Rio.

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Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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