Pesquisa pretende desenvolver molho para salada à base de castanha-da-amazônia
A árvore é frondosa e de grande porte e, provavelmente, já está na Amazônia há cerca de 800 anos, segundo pesquisas. A castanheira é reconhecida como uma das mais importantes fontes de exploração extrativista, sendo responsável pela geração de riqueza através da comercialização de suas sementes para os mercados interno e externo. A partir de seus frutos são feitos vários subprodutos, como, por exemplo, óleos corporais, sabonetes etc. Aos poucos, os brasileiros começam a descobrir o potencial econômico da árvore.
Embora ainda seja pouco utilizada no Brasil, a castanha é largamente consumida em países como Inglaterra, Estados Unidos, França e Alemanha, seus principais compradores. Apesar do alto valor nutritivo da amêndoa e de sua aceitação, outros derivados de igual importância, como aproveitamento do óleo e produção de matéria-prima combustível, têm sido pouco explorados. Mas uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela cientista Angela Maria Tribuzy de Magalhães Cordeiro promete mudar este quadro.
Cordeiro é doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ela foi uma das contempladas no Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas – RH Doutorado – Fluxo Contínuo, o qual é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). A cientista receberá cerca de R$ 125.280 mil, ao longo de 48 meses mais auxílio instalação no valor de R$ 5.220 mil.
Os recursos serão utilizados no desenvolvimento do projeto "Caracterização, estabilidade e aproveitamento tecnológico de amêndoas fragmentadas de castanha-da-amazônia, Bertholletia excelsa, na elaboração de molho para salada". Como próprio título sugere, o objetivo do trabalho é elaborar um molho para salada a partir das amêndoas da castanha-da-amazônia.
Segundo ela, o que acontece hoje é que quase a totalidade da produção nacional de castanha-da-amazônia destina-se ao mercado internacional. Este mercado possui padrões de qualidade claramente definidos e universalmente aceitos, específicos para dois grupos de castanha: em casca e descascada, sendo esta última a com maior percentual de exportação.
Para obter a amêndoa descascada e desidratada, são aplicados vários tratamentos industriais, os quais geram grandes quantidades de fragmentos, que são descartados pela indústria.
A idéia da pesquisa, explica Cordeiro, é aproveitar os fragmentos como matéria-prima para extração de óleo para produção de torta, farinha, "leite-de-castanha", além de novos produtos comestíveis. "Como há o hábito do consumo da amêndoa, a colocação de um novo produto no mercado aumenta as opções para o consumidor. Além disso, agregará valor a uma matéria-prima regional tida como importante fonte alimentar", destaca.
Alimentação adaptada ao clima – De acordo com Cordeiro, geralmente nos meses mais quentes do ano as pessoas procuram fazer refeições mais leves e menos calóricas. Especificamente, nas regiões Norte e Nordeste, onde a temperatura média anual gira em torno dos 35 °C, esta prática deveria ser mais comum. Desta forma, oferecer um produto para este tipo de refeição, no caso, o molho para salada à base de castanha-da-amazônia, com cor, sabor e aroma característico é uma alternativa a mais. Além disso, será oferecido ao consumidor um produto saudável, seguro e nutritivo.