PAPPE: Incentivos da Fapeam promovem desenvolvimento em empresas locais
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está realizando desde o último dia 17 visitas técnicas às empresas contempladas pelo Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Micro e Pequenas Empresa (Pappe Subvenção Finep AM), no edital de 2008. Nos quatro primeiros dias de visitas, algumas empresas suspreenderam o Comitê Gestor que continuará avaliação até o próximo dia 5 de março.
Segundo o chefe do Departamento de Análise de Projetos (Deap/Fapeam), Jonas Gomes, as visitas têm o objetivo de fazer um acompanhamento do emprego dos recursos já liberados (60%) e dar orientações técnicas e financeiras para um melhor desenvolvimento do projeto proposto. “Nós observamos que alguns empresários ainda não apresentaram um espírito de pesquisador no sentido de injetar os recursos nas atividades a que se comprometeram. Nosso papel é verificar o andamento da aplicação dos recursos para a decisão da liberação da segunda parcela (40%). Dependendo da situação observada nas empresas, recomendaremos ou não a liberação desse recurso”, revela ele, lembrando que o importante neste contato é fornecer orientações para que os empresários possam melhorar o desempenho.
Até o momento, já foram visitadas quase 50% das empresas contempladas (sete), das 15 aprovadas no edital, e foi detectado que, apesar de algumas não terem começado a utilizar plenamente o recurso destinado aos projetos, outras estão cumprindo os prazos e apresentam bons resultados práticos.
Revestimentos da Amazônia
Uma dessas empresas é a Agrocon – Projetos e consultorias em negócios ambientais que desenvolve um projeto para a utilização de sementes de frutos amazônicos na produção de placas decorativas que deve receber um valor total aproximado de R$ 200 mil.
Durante a visita, o comite gestor constatou que grande parte das atividades propostas no início do projeto já foram cumpridas, entre elas o estudo para desenvolvimento de novos produtos a partir de sementes de açaí e de acrílico, aquisição de matéria-prima (sementes de açai, tucumã, jarina e ouriço de castanha), além de investimentos para participação em um dos eventos mais importantes no país sobre revestimentos, a Feira Internacional de Revestimentos a ser realizada na cidade de São Paulo no período de 24 a 27 de março de 2009, na qual, pela primeira vez, uma empresa amazonense irá participar, graças ao apoio do PAPPE.
Mas, o maior ganho até o momento com a aplicação dos recursos pela Agrocon foi a melhoria da qualidade do seu produto final (placas de revestimento feitas com o ouriço de castanha), já disponíveis para aquisição no mercado local e nacional.
“Com a aquisição de novos equipamentos conseguimos diminuir o tamanho das pastilhas utilizadas para a confecção das placas e ao mesmo tempo trabalhamos numa nóva fórmula para a colagem das peças o que gerou um maior grau de impermeabilização permitindo a utilização das peças em ambientes externos”, explica o proprietário da empresa, Agmar Vasconcelos Simões, entusiasmado com os resultados.
Matéria-prima
No centro da oficina, que hoje funciona no Dinpe (Distrito Industrial de Micro Pequenas Empresas, mantido pelo governo do Estado, na avenida do Turismo) estão dispostas centenas de sacas contendo os ouriços de castanha adquiridos a partir do projeto, material que seria descaratado e hoje é transformado em matéria-prima do principal produto da empresa (placas para revestimentos). “Certamente, os maiores ganhos deste projeto dizem respeito ao aspecto social, porque a empresa gera empregos na região e renda para comunidades e associações que recolhem as matérias primas (sementes e ouriços) e ao aspecto ecológico, pois reutiliza um produto que seria descartado na natureza e se tornaria lixo, é um projeto movido pela sustentabilidade”, destacou o consultor Edmar Lopes Magalhães, da Secretaria de Planejamento do Estado (Seplan).
Para compreender a abrangência do projeto, a partir dos investimentos da Fapeam, a empresa mapeou os municípios geradores de matéria-prima e desenvolveu um cadastro que lista as localidades envolvidas no projetos (municípios de Lábrea, Amaturá, Tefé, Coarí e Manicoré) e identificou algumas dificuldades que ainda precisam ser superadas, entre elas, transporte e aquisição da matéria-prima, pois a legalização da compra e venda desta ainda gera confusões por parte da receita que não pode tributar este tipo de produto. “Mas este é um problema que já está sendo resolvido”, diz Agmar.
II Fase
Para a segunda fase do projeto a expectativa é que os experimentos com semetes de açaí e tucumã, que serão apresentados na feira internacional, tenham uma boa aceitação do mercado e passem a ser comercializados o mais breve possível. “O mais importante nesse projeto é que nós conseguimos, além do aumento da qualidade do nosso produto, garantir o fornecimento constante de matéria-prima para que a produção não pare. Nesse caso, o estudo da logística foi fundamental, pois levantou as localidades, embarcações, dias de viagem, enfim, uma série de informações sobre os municípios envolvidos com nossa empresa”, destaca Agmar.
Dos 60% do valor do projeto previsto para serem gastos na primeira fase (quatro primeiros meses) já foram investidos cerca de 80% o que corresponde a cerca de R$ 90 mil. “Essas visitas e este acompanhamento são importantes, pois fazem com que os empresários, consigam administrar os vários projetos que desenvolvem. No dia-a-dia são muitas atividades e frequentemente necessitamos de uma orientação para uma melhor condução das atividades práticas”, finaliza o empresário, lembrando que paralelo ao projeto da Fapeam, hoje, ele desenvolve outro projeto envolvendo a comunidade do entorno da fábrica para colagem e montagem de placas nas próprias residências gerando renda para um número maior de famílias.
Sobre o Comitê Gestor
O Comitê Gestor é formado pelas organizações parceiras: Fapeam, Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect), Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM).
Ulysses Varela – Agência Fapeam