Palmeira é fonte de energia alternativa para Amazônia


Na Amazônia cerca de 30% da população encontra-se aglomerada em pequenas vilas ou núcleos populacionais isolados, o que dificulta o acesso à energia elétrica. Além disso, a demanda reprimida e os freqüentes racionamentos reduzem a qualidade de vida e impedem a instalação de indústrias de beneficiamento. Contudo, uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Estudos em Palmeiras (LABPALM) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/CPBO) demonstrou que é possível utilizar a biomassa de palmeiras da região como fonte alternativa de energia, bem como o aproveitamento de subprodutos na alimentação humana e de animais de corte, artesanais, paisagismo, medicinais, construções rurais entre outros.

           

Denominado “Exploração Sustentável de Palmeiras em Comunidades Ribeirinhas da Amazônia Brasileira”, o projeto, de um ano e meio, foi realizado em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), dentro do Programa Luz para Todos do Governo Federal, em sete comunidades de Manacapuru, especificamente, do Lago do Cururu.  

           

O levantamento contempla um conjunto de atividades (inventários, produtividade, biometria e estudos taxonômicos) que possibilitaram identificar o potencial da biomassa de Euterpe precatoria Mart., conhecida popularmente como Açaí do Amazonas, além de outras oleaginosas disponíveis nas comunidades ribeirinhas na tentativa de incentivar o manejo sustentado e identificar condições de sustentabilidade (como reposição de estoques vegetais, conservação de sementes, criação de bancos de germoplasma, advento de cooperativas para as comunidades e educação ambiental). Ela ressalta que o Açaí do Amazonas chega a produzir 1,8 toneladas de frutos por hectare.

           

“O objetivo foi servir como base de um modelo tecnológico industrial, pois as palmeiras apresentam vantagens como fontes renováveis em áreas modificadas pelo homem”, informa a pesquisadora do LABPALM/INPA e coordenadora do projeto, Ires Paula de Andrade Miranda.  

           

Segundo Miranda, a pesquisa também enfatiza que por meio do aproveitamento dos subprodutos das palmeiras é possível fixar o homem no campo. Dessa forma, evita-se a depredação dos ecossistemas.  “A busca por melhores condições sócio-econômicas tem como única alternativa a extração predatória e rápida das riquezas naturais, as quais, invariavelmente, resultam na destruição acelerada dos ecossistemas locais”, lamenta.  

           

De acordo com a cientista, dentre os vários produtos que a floresta pode fornecer, destacam-se as plantas oleaginosas nativas, que podem oferecer uma gama de produtos. Ela explica que eles não são apenas destinados à alimentação básica da população, como também seus subprodutos, os quais seguramente podem constituir a base de um modelo de desenvolvimento tecnológico e industrial auto-sustentado.

 

Impactos ambientais e mudanças genéticas – O padrão de ocupação humana e o ambiente abiótico tem condicionado mudanças na disposição espacial das unidades de paisagem das palmeiras. Isto tem refletido no padrão morfológico dos grãos de pólen dessas espécies. É o que identificou a pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos em Palmeiras (LABPALM) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) por meio do estudo “Alterações do Pólen e Atividades Antrópicas”. 

           

Segundo a coordenadora do projeto, Ires Paula de Andrade Miranda, os levantamentos vêm sendo realizados há dez anos em diversas áreas alteradas da Amazônia, entre elas: Roraima, Sul do Pará, BR-174 a partir do 50 km (Manaus-Roraima e outras localidades sob pressão antrópica na Amazônia).  O foco da pesquisa foi analisar a morfologia polínica (estudo das forestmas e estruturas do grão de pólen) de palmeiras estabelecidas em grandes densidades em ambientes alterados pelo homem. Os dados estão sendo utilizados na identificação, estrutura e dinâmica das palmeiras.  

           

“A comparação das médias do tamanho dos grãos de pólen, indicaram diferenças de forma, tamanho e aberturas nas populações de áreas alteradas quando comparados à área natural”, diz Miranda. Ela acrescenta que os  resultados apontam para a necessidade de se intensificar mais esforços na análise do pólen de plantas submetidas às pressões antrópicas, bem como nas alterações ambientais, que podem afetar o metabolismo desses estoques vegetais, refletidas no genoma haplóide (pólen), além de uma forte tendência a reações de esterilidade polínica constatado em estudos in vitro.  

           

Apresentação de resultados – As duas pesquisas: "Exploração sustentável de palmeiras em comunidades ribeirinhas da Amazônia Brasileira" e "Alterações do pólen e atividades antrópicas", foram expostas pela doutora Ires Paula de Andrade Miranda (INPA) durante o Simpósio Internacional de Palmeiras realizado no Peru, no período de 07 a 09/11.

           

O encontro teve como objetivo comunicar os resultados e avanços das investigações em Palmeiras para o desenvolvimento da América do Sul. Estiveram presentes no Simpósio especialistas em Palmeiras da América do Sul, Europa e Estados Uniddos da América.

                                                                                                                                                                                                           Ascom do Inpa

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