Pesquisadores identificam três novas espécies de tartarugas na Amazônia
As novas espécies foram descobertas durante expedições realizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amanã, no município de Maraã, e na Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no Amazonas
Pesquisadores do Instituto Mamirauá identificaram a presença inédita de três espécies de quelônios na Amazônia Central. A nova distribuição geográfica das tartarugas foi descoberta durante expedições realizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amanã, no município de Maraã, e na Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no Amazonas. Os registros dos pesquisadores foram publicados na revista ZenScientist, dos Estados Unidos.
Na região amazônica, as três espécies de quelônios são conhecidas como Perema ou Lalá. Em outras regiões, são chamadas de jabuti-machado (Platemys platycephala platycephala) e cágado-cabeça-de-sapo (Mesoclemmys raniceps e Mesoclemmys heliostemma).
Segundo a pesquisadora Thaís Moracatty, a descoberta das novas espécies de tartarugas na Amazônia mais significativa foi o aumento na distribuição geográfica da espécie Mesoclemmys heliostemma. O registro preenche uma lacuna de 1,8 milhão de quilômetros. Isso porque, até então, a presença do cágado-cabeça-de-sapo estava restrita a uma pequena área entre o norte do Equador e do Peru e o sul da Venezuela. Em 2012, foi sugerida a presença da espécie na Amazônia brasileira a partir de antigos exemplares depositados em museus. O novo registro feito pelos pesquisadores do Mamirauá confirma a ocorrência.
“As descobertas quanto à distribuição geográfica são boas para salientar a importância do Instituto Mamirauá e suas pesquisas na região central da Amazônia, que ainda é uma área onde se tem muito mais a descobrir. Além disso, ressaltam a importância das nossas expedições para lugares nunca estudados, para novos trabalhos”, explicou a pesquisadora.
Uma das autoras do artigo sobre a distribuição geográfica dos quelônios na Amazônia central, Thaís Moracatty reforça a importância da descoberta para a conservação das espécies.
“Novos registros chamam a atenção para o pouco que sabemos sobre essas espécies, incitando novos estudos e indicando novas áreas onde eles poderão ser desenvolvidos. Adicionalmente, a riqueza e a composição das espécies em determinado local definem se ele necessita de regras para conservação ou não, por exemplo, para a criação de unidades de conservação ou autorização para atividades econômicas.”
A pesquisadora ressalta ainda que o comércio ilegal de animais silvestres pode representar uma ameaça às espécies.
“A principal ameaça conhecida para estas três espécies é a perda de habitat por atividades humanas, como desmatamento e mineração. Outra importante ameaça que pode afetar as populações é retirada de indivíduos dessas espécies para abastecimento do mercado de pet, onde são vendidas como animais de estimação. Devido à falta de estudos, ainda não sabemos o impacto dessa atividade na maioria dos quelônios brasileiros.”
As três espécies são amazônicas, semiaquáticas, predadoras e de comportamentos noturnos. “As espécies são cágados, ou seja, estão adaptadas tanto ao ambiente terrestre quanto aquático, possuindo patas com membranas interdigitais. Essas membranas são semelhantes às membranas do pato, que contribui para natação”, disse Thaís.
Fonte: Jornal da Ciência com dados do Instituto Mamirauá
Fotos: Instituto Mamirauá
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