Natura inaugura núcleo de inovação em Manaus


17/08/2012 – Com a meta de tirar da prateleira o resultado de pesquisas científicas dos últimos 50 anos, que possam ser transformadas em produtos e/ou processos inovadores, a Natura inaugurou nesta quinta-feira (16/08), em Manaus (AM), o Núcleo de Inovação Natura Amazônia (Nina).

Para isso, a empresa pretende estimular a formação de uma rede de pesquisa, envolvendo instituições de Ciência, Tecnologia e inovação, como a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e a Embrapa Amazônia Ocidental. Atualmente, a empresa de cosméticos investe 3% da receita liquida, aproximadamente, R$ 150 milhões em inovação. Parte desse recurso será destinada a ações na região. O evento foi realizado no Edifício Celebration Smart Offices, no Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças.

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Representantes da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) participaram do evento. Segundo o titular da Secti, Odenildo Sena, a vinda da Natura é consequência do trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos dez anos na área de CT&I no Estado. "A empresa não viria nesta direção se ela não encontrasse um ambiente favorável para seus interesses", avaliou.

Sena também destacou a importância de investir em ações de inovação na Amazônia. “A articulação com universidades e institutos de pesquisa vai promover a possibilidade de começarmos a transformar um velho sonho em realidade: que as matérias-primas saiam do Amazonas na forma de produto agregado para o mundo”, salientou.

O assessor da Presidência da FAPEAM, Edilson Soares, salientou que a implantação do Nina ratifica a consolidação do Amazonas como um espaço estratégico para o desenvolvimento de CT&I no País. Ele disse que a presença da Natura se dá pelas oportunidades concretas que as instituições de ensino e pesquisa, ou seja, o Sistema Estadual de C&TI, além de outros agentes presentes e instalados, podem oferecer em termos de fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação.

“Há também contrapartida, pois as instituições e pesquisadores do Estado, pela experiência e competência da Natura, podem adquirir. Além disso, a iniciativa deverá servir de modelo para que outras empresas desse porte possam se instalar aqui”, pontuou.

Segundo Soares, a FAPEAM vislumbra grandes e concretas oportunidades de parcerias institucionais, uma vez que apoia projetos de pesquisas na área de biocosméticos que têm grande potencial de se tornarem produtos. Souza declarou que é preciso aliar esforços e somar investimentos que gerarão oportunidades a todos, por exemplo, para as micro e pequenos empresas, resultando, consequentemente, no desenvolvimento social e econômico do Estado por meio de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Durante a inauguração do Núcleo de Inovação, a empresa lançou uma chamada para projetos de pesquisa conduzidos por instituições de ciência e tecnologia sediadas na região amazônica. A seleção faz parte do Natura Campus, um programa de relacionamento com a comunidade científica que tem o objetivo de fortalecer uma rede global de inovação. O edital se encontra disponível no portal www.naturacampus.com.br. Os interessados têm até o dia 22 de outubro para submeter projetos. A chamada é específica para propostas de estudos liderados por instituições de pesquisa da Amazônia Legal ou que as envolvam.

Temas a serem focados

/Conforme o vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional e Sustentável da Natura, Marcelo Cardoso, serão trabalhados quatro temas: Cultura e sociedade; Conservação e biodiversidade; Floresta e agricultura; Design de produtos e processos. O primeiro tema estuda os fenômenos humanos no âmbito das comunidades e de como se organizam, do conhecimento tradicional, da economia, da cultura e das relações que configuram a realidade sociocultural e ambiental.

O segundo tema investiga o potencial tecnológico dos sistemas biológicos, partindo de uma escala molecular até o nível ecossistêmico, assim como a interpretação, compreensão, modelação, valoração e gestão adaptativa dos fenômenos ambientais.

Sobre Floresta e Agricultura, busca métodos de estudo e modelagem da dinâmica dos sistemas agrícolas e florestais, em busca do avanço técnico da produção vegetal, da elevação da produtividade e do aprimoramento do manejo e da conservação dos recursos naturais. E, por último, Design de produtos e processos que estuda produtos, processos, sistema e ambientes de produção voltados à concepção, ao desenvolvimento, ao dimensionamento e ao melhoramento de sistemas e processos físicos, químicos e biológicos que visem à obtenção de bens e serviços de valor para a sociedade.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/ESPACOVolume de insumos

As ações que serão desenvolvidas na Amazônia Legal, conforme o presidente do Conselho de Administração da Natura, Guilherme Leal, visam aumentar o volume de insumos utilizados pela empresa na produção de cosméticos. “Hoje, 10% de nossa matéria-prima é de origem amazônica. Queremos ampliar para 30% em dez anos. Além disso, atualmente, trabalhamos em parceria com 25 comunidades da região, que agregam mais de 3 mil famílias. Pretendemos alcançar a marca de 12 mil famílias em toda a Amazônia”, pontuou.

Desafios

Há dez anos na Amazônia, somente nos últimos três anos a empresa passou a analisar a instalação do Núcleo de Inovação em Manaus, que chega com dois objetivos. O primeiro é transformar as riquezas, a biodiversidade da Amazônia em fonte de inovação. O segundo é contribuir, em parceria com os atores locais, com o desenvolvimento regional. Para isso, há muitos desafios a serem superados, segundo Cardoso.

“O primeiro é o de abastecimento, por exemplo, atuar como agente de aumento da produtividade nas comunidades, processo de coleta de castanha, buriti, safra, manejo, além da construção de algo que chamamos de ‘tecido social saudável’. Temos relacionamento com diversas comunidades. Todavia, elas ainda não criaram uma identidade social. Há apenas agrupamentos de famílias. Nesse sentido, temos grupos de antropólogos, biólogos, educadores, que juntos com as comunidades conhecem os desafios e constroem os planos de desenvolvimento, liderança, manejo e de educação. A produtividade cresce, a comunidade cresce e as pessoas passam a ganhar mais. É uma economia da floresta em pé”, destacou Cardoso.

Segundo Carodoso, é preciso olhar para as prateleiras e exclamar: "Uau! Temos informações que podem ser transformadas em produtos e negócios!. Será respeitada a propriedade intelectual dos pesquisadores. À medida que as oportunidades surgirem, iremos transformá-las em produtos. Temos que associar a ciência à iniciativa privada, como acontece nos EUA, para virar negócio”, finalizou.   

Áreas de atuação

A empresa pretende atuar nos seguintes territórios: norte de Manaus, nordeste paraense, Altamira (PA), Transamazônica, áreas degradadas e também em Juruá (AM) e Boca do Acre (AC).

Luís Mansuêto – Agência FAPEAM

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