Nanocápsula de diclofenaco é capaz de aumentar efeito terapêutico e reduzir efeitos colaterais no corpo


A pesquisa desenvolvida no Amazonas, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, consegue direcionar a droga para onde está à inflamação e com isso proporciona menores efeitos colaterais e aumento no efeito terapêutico comparado à droga tradicional

O dicoflenaco é um medicamento conhecido e indicado, geralmente, para prevenir e aliviar dor e inflamação. Mas, o uso frequente pode trazer efeitos colaterais. Uma pesquisa realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam)  desenvolveu  por meio da nanotecnologia uma nanocápsula de diclofenaco capaz de atingir, diretamente, uma articulação inflamada do corpo. O estudo realizado no laboratório de Imunologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pretende reduzir os efeitos colaterais e aumentar os efeitos terapêuticos do medicamento.

O doutor em Biotecnologia da Ufam, Antonio Luiz Boechat, explicou que o diclofenaco é um anti-inflamatório usado para tratar uma série de doenças inflamatórias. Mas, na condição de anti-inflamatório, o medicamento possui toxicidade que pode desencadear problemas em algum lugar do corpo, como gastrite no estômago, problemas nos rins e causar outros efeitos colaterais relacionados à própria droga. Os sintomas já são relatados pelos pacientes que usam o medicamento.

Antonio Luiz Ribeiro Boechat Lopes - Fotos  - Érico Xavier-6Pesquisador Antonio Luiz Boechat disse que a nanocápsula de diclofenaco consegue direcionar a droga para o local da inflamação reduzindo os efeitos colaterais em pacientes

Ele explica que o sistema de nanocápsulas, que também é conhecido como Drug Delivery (uma técnica para facilitar a entrada e potencializar a penetração de ativos no corpo), faz com que a droga seja  concentrada no local da ação. Por enquanto, esta nova formulação de diclofenaco é endovenosa (diretamente na veia), para fazer efeito. Por se concentrar, predominantemente, no local da inflamação, outros locais não causaria efeito colateral por ter pequena concentração ou, até mesmo,  sem a presença da droga.  Para o pesquisador, a nanocápsula consegue aumentar o efeito terapêutico comparado à droga tradicional.

“Vamos imaginar o seguinte: uma pessoa tem artrite, uma inflamação em uma articulação. Se eu dou a essa pessoa diclofenaco, um anti-inflamatório, o medicamento entrará no corpo e será distribuído pelo sangue. Uma parte dessa medicação chegará à articulação inflamada. A outra parte ficará em outros lugares do corpo e é nesses lugares que a droga irá causar algum efeito colateral. A pequena quantidade que chegou ao tecido inflamado é onde terá o efeito terapêutico. O que o processo da nanotecnologia faz é que a formulação da nanocápsula proporcione maior quantidade da droga para área que está inflamada”, explicou Boechat.

O pesquisador afirma que os estudos com essas nanocápsulas estão bastante avançados. Desde a caracterização química, composição farmacêutica, toxicidade das drogas nas formulações em células, da toxicidade das formulações em animais de experimentação. A pesquisa também contou com a participação de bolsistas apoiados pela Fapeam.

“Para ser testados em seres humanos precisamos de uma autorização especial do Comitê de Ética e Pesquisa. Na fase em que os estudos estão e os dados que nós temos já nos permitiriam avançar para isso, com a autorização”, conclui Boechat.

 

Repórter- Esterffany Martins  (Agência Fapeam)

Fotos- Érico Xavier

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