‘Mulheres que Brilham na Ciência’ apresenta a entrevista com Mariomar de Sales Lima
A série de entrevistas “Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), apresenta nesta semana a entrevista com a professora titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Mariomar de Sales Lima, única mulher a assumir, em 58 anos, a diretoria da Faculdade de Estudos Sociais (FES/Ufam).
“Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas” integra as ações do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência e entrevista as pesquisadoras homenageadas neste ano no “Café com Elas”, evento de abertura do Movimento, realizado no dia 10 de fevereiro.
O Governo do Amazonas instituiu no Plano Plurianual 2020-2023, uma linha estruturante denominada “Meninas e mulheres na ciência e no empreendedorismo científico”, como uma política pública para incentivar uma maior participação feminina na CT&I e, assim, contribuir para redução das desigualdades de gênero na ciência.
Convidamos você para conhecer a contadora e doutora em Engenharia de Produção, Mariomar de Sales Lima, que se destaca no Amazonas, por sua trajetória profissional e contribuição em prol da CT&I no estado.
Boa leitura!
Fapeam: Por que é necessário ter mais mulheres na ciência?
Mariomar Lima: Porque embora atualmente as mulheres sejam em número maior que os homens cursando doutorado no Brasil e no exterior, ainda enfrentam desafios e preconceitos como cientistas. Tal fato está atrelado à crença de que as mulheres são mais frágeis e que pertencem a ambientes e assuntos domésticos. Isso se deve às relações patriarcais ao longo da história em que a configuração familiar era composta por um homem provedor dos insumos necessários e sua esposa como responsável pela administração da criação e cuidados de seus filhos. Contudo, ao longo da história, ocorreu o progresso das sociedades e mudanças nos conceitos de família e de trabalho, proporcionando conquistas de direitos por parte das mulheres, como o acesso à educação e legislações mais igualitárias. No entanto, ainda perduram a desigualdade e o preconceito de gênero, sendo necessária a ampliação do número de mulheres na produção de conhecimentos científicos, tanto para superar a invisibilidade do gênero feminino em áreas como a ciência, quanto para eliminar os efeitos da divisão sexual no mundo do trabalho.
Fapeam: Quais foram os principais desafios enfrentados pela senhora para atuar no campo da Ciência?
Mariomar Lima: Minha área é de Ciências Contábeis e nela há a natureza masculinizada da profissão devido a sua constituição histórica, havendo evidências na literatura de que as pesquisas publicadas nessa área são influenciadas por uma visão masculinizada de mundo. Esse fato, aliado à escassez de Programas de Pós-Graduação stricto sensu na região norte, foram os principais desafios encontrados. Exemplificando tais desafios, destaco que a primeira mulher a se doutorar na área contábil no Brasil foi em 1987 e somente em 1999 tem-se a primeira orientadora mulher.
Conciliar a vida familiar com a vida profissional e acadêmica também representou um desafio, porém mais fácil de ser superado que os citados inicialmente.
Fapeam: Como a sociedade civil também pode contribuir para formação de futuras cientistas?
Mariomar Lima: Incentivando e valorizando a participação feminina nas atividades de pesquisas, tanto por meio do fomento, quanto no tocante à receptividade e disponibilização de dados, pois enfrentamos muitas restrições no momento da coleta de dados, por parte das instituições públicas e privadas.
Fapeam: Como cientistas mulheres podem inspirar futuras pesquisadoras?
Mariomar Lima: Orientando-as, mostrando-lhes a importância das pesquisas científicas, motivando-as e incentivando-as em busca de seus objetivos e de sua realização profissional. Auxiliando-as a superar os obstáculos com o relato de suas experiências.
Por: Diovana Rodrigues/Decon Fapeam
Fotos: Érico Xavier/Decon Fapeam