Mudas de árvores nativas serão usadas em reflorestamento no Tarumã-Mirim


Projeto de pesquisa do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA) pretende produzir mais de duas mil mudas de árvores nativas da região
 
Moradores do assentamento Tarumã-Mirim, localizado no ramal do Pau-Rosa, a 27 quilômetros de Manaus (AM), agora tem uma alternativa para o desmatamento causado pela retirada de madeira para produção de carvão: o plantio de árvores nativas e frutíferas nos locais devastados. É o que afirma o pesquisador e professor da Gerência de Formação de Professores da Secretaria Municipal de Educação (Semed), João Marcelo Silva Lima, mestre em Biotecnologia e Recursos Naturais pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
 
Por meio do projeto “Incentivo a Estudos, Pesquisas e Experimentos em Educação Ambiental na Escola Municipal Neuza dos Santos Ribeiro, do Assentamento Tarumã-Mirim – Amazonas, Brasil”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o pesquisador realizou entrevistas, aplicou formulários e promoveu seminários para identificar as principais demandas e necessidades dos comunitários, bem como buscar alternativas para os problemas da região.
 
Desenvolvido durante dois anos por meio do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), com investimentos no valor de R$ 15 mil, aplicados em bolsas e auxílio-pesquisa, o projeto envolveu quatro alunos da escola municipal, além de um bolsista de apoio técnico com formação em Administração e uma professora tutora.
 
Segundo Lima, a pesquisa constatou, na escola e nas comunidades do assentamento, problemas relacionados às seguintes temáticas: água; biodiversidade; lixo; transporte;  e alimentação. Depois dessa fase, o primeiro passo foi realizar, em junho do ano passado, um seminário sobre educação ambiental a fim de discutir os problemas identificados quantos às suas dimensões sociais, biológicas, químicas e físicas.
 
A partir de então, a equipe ajudou no desenvolvimento de uma horta escolar e a produzir duas mil mudas para arborizar o entorno da escola e reflorestar áreas devastadas, cuja madeira foi utilizada na produção de carvão (uma das fontes de renda dos moradores). “Serão utilizadas mudas de árvores frutíferas (cupuaçu, taperebá e açaí) e nativas (cumaru, cedro, jatobá)”, explicou Lima. 
 
Já a horta escolar, vai complementar a alimentação dos alunos, uma vez que foi observado que a maior parte dos alimentos consumidos na escola, que atende mais de 900 alunos, é industrializada. “Com a horta, eles participam diretamente na seleção das verduras, manutenção e distribuição dos alimentos”, disse.
          
Com o projeto, de acordo com Lima, foi possível sensibilizar os alunos acerca do debate sobre os temas destacados na pesquisa, uma vez que adquirir consciência ambiental não é algo pontual. Para o pesquisador, é preciso estabelecer parcerias com as instituições de ensino e pesquisa para se discutir a utilização dos recursos ambientais de maneira sustentável. Da mesma forma, em relação à geração de renda, novas alternativas devem ser oferecidas aos moradores, por exemplo, a utilização de outros exemplares da biodiversidade local, como o cultivo e a comercialização de plantas ornamentais, para solucionar o problema da produção de carvão. “Não dá para apontar saídas em um curto espaço de tempo, mas é algo que pode ser idealizado para longo prazo”, finalizou.

Luís Mansuêto – Agência Fapeam

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