Mostra ‘Ticuna em dois tempos’ apresenta diferenças culturais de duas décadas


09/04/2014 – Evidenciar as diferenças na cultura e costumes dos Ticuna ao longo de duas décadas. Essa é uma das finalidades do lançamento do catálogo e da mostra “Exposição Ticuna em dois tempos”. A mostra é aberta ao público e iniciará nesta quarta-feira (9), às 18 horas, e vai até o dia 31 de outubro, das 9h às 17h, no Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), localizado na Rua Ramos Ferreira, 1036, Centro.

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O artista plástico Jair Jacmont formou sua coleção na década de 1970, adquirindo os objetos dos próprios índios, na cidade de Manaus.

De acordo com a coordenadora do projeto e professora de antropologia da Ufam, Deise Lucy Montardo, o INCT acreditou na ideia do catálogo desde o começo. “A rede Brasil plural proporciona o intercâmbio entre os pesquisadores para garantir a interação entre os mesmos, verificando as culturas em comum”, pontuou.

Estará presente no lançamento do catálogo o antropólogo do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Pacheco de Oliveira, um dos autores dos textos do Catálogo. Também se fará presente o professor doutor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sidnei Clemente Peres. Ambos os antropólogos desenvolvem pesquisas no Amazonas, sendo que Oliveira participa do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam).

Outra ação que já está sendo planejada entre as duas instituições, é a exposição de culturas populares entre os bois bumbá  do Amazonas e o boi de mamão de Santa Catarina. 

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Sílvio Coelho dos Santos reuniu esta coleção quando participou de expedição à Amazônia na década de 1960.

Reunindo imagens dos acervos Ticuna dos dois Museus, o Catálogo foi produzido no contexto de exposição homônima (2012-2013). O título faz referência aos dois tempos distintos nos quais as duas coleções foram formadas.

A obra traz o resultado de duas histórias de amor e homenagem a mais numerosa nação indígena do país. Cruza dois olhares de duas épocas distintas em duas coleções produzidas com critérios e objetivos diferentes sobre a mesma etnia, os Ticuna ou Mgüta, que vivem no Alto Rio Solimões, na Amazônia brasileira e também na Colômbia e Peru.

Os objetos indígenas foram coletados pelo antropólogo catarinense Sílvio Coelho na Amazônia dos anos de 1960. São adornos pessoais, cerâmicas, cestos e utensílios domésticos, bonecas esculpidas em madeira, estatuetas de madeira de macaco prego, esculturas antropozoomorfas (tem a forma humana ou se assemelha), mantas, remos, indumentárias completas, brinquedos infantis, um tambor e principalmente bastões cerimoniais, máscaras e outros objetos ritualísticos utilizados na Festa da Moça Nova, além de slides ampliados de figuras humanas e paisagens.

Nesta etapa, organizada no Museu Amazônico, além das peças da coleção de Jair Jacqmont, são exibidos vídeos com as imagens da coleção de Silvio Coelho dos Santos e de seu trabalho junto aos Ticuna.  Estão previstas atividades como mesas-redondas, palestras, oficina de vídeo e curso de extensão da língua Ticuna, com índios da própria etnia.

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Os Ticuna, ou Mgüta, vivem no Alto Rio Solimões, na Amazônia brasileira e também na Colômbia e Peru.

A primeira etapa da exposição foi organizada no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2012, em que externa o resultado de duas histórias de amor e homenageia o mais numeroso dos povos indígenas do país, o Ticuna. As obras remetem a dois tipos de olhares, de épocas distintas, em coleções produzidas com critérios e objetivos diferentes sobre a mesma etnia, originária do Povo Magüta, que vivem na região do Alto Solimões, na Amazônia, tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

Entre os Ticuna

Artista plástico amazonense que se inspira nos Ticuna para produzir seus quadros, Jacmont começou a colecionar as peças de arte indígena que as elites da região consideravam “panema” (azar) dentro de casa. Influenciado pelo movimento cubista na arte, Jacqmont passou a observar tridimensionalidade, textura, cores, formas e conceitos das peças indígenas, como Picasso fez com máscaras e estátuas dos povos africanos. Passou a comprar no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, em Manaus, peças Ticuna que os vendedores consideravam “artesanatos”, valorizando-as como genuínas obras de arte, sobretudo pela sua tridimensionalidade. Assim reuniu 135 peças, entre esculturas antropomorfas e bastões de ritmo e de comando usados para danças e rituais, além de uma considerável quantidade de máscaras esculpidas em madeira. As peças estão sob a guarda do Museu Amazônico/Ufam desde 1994.

 

 Adriana Pimentel – Agência FAPEAM

Fotos: Wagner Behr