Livro narra história do povo indígena mais numeroso da Amazônia


A língua, cultura e história dos índios Ticunas são o foco do livro “Minha luta pelo meu povo”, da pesquisadora Marília Facó Soares. Em lançamento pela Editora da UFF  (Universidade Federal Fluminense), a obra é composta a partir das narrativas do líder Pedro Inácio Pinheiro, ou Ngematücü. As histórias narradas por Pedro em ticuna foram publicadas ao lado da tradução para o português, buscando manter as características de cada idioma. A edição conta também com fotos, mapas e ilustrações sobre o universo da tribo.

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Os ticunas integram o mais numeroso grupo indígena da Amazônia, que é distribuído em três países: Brasil (em maior número), Peru e Colômbia. “Minha luta pelo meu povo” revela, em diferentes escalas de tempo e espaço, um percurso histórico e contempla variações linguísticas dos povos de mesma origem e que falam a mesma língua.

A narração do Ngematücü, realizada em 1983, mereceu uma transcrição fonética e resulta de um processo colaborativo entre outros ticunas. Editado em versão bilíngue – em ticuna e em português –, o livro busca respeitar a retórica indígena e procura mostrar a beleza do texto em ticuna, além de ser apresentado de forma a possibilitar sua utilização nas escolas locais. Desta forma, constitui-se como material para documentação e preservação das memórias histórica e cultural dos habitantes da região. Além disso, pode servir como subsídio à continuidade do projeto “Línguas da Amazônia brasileira: variação, cognição e estudos de Fonologia, Gramática e História”, sob a coordenação também da professora Marília Facó Soares.

Complementam o livro, fotos, mapas e ilustrações representativos do universo ticuna e de sua cultura material em uso ou abrigados em museus. Entre as fotos, muitas feitas há mais de 60 anos por Curt Nimuendajú, etnólogo alemão que conviveu com etnias indígenas em algumas regiões do Brasil.

Sobre a autora

Marília Facó Soares iniciou suas pesquisas linguísticas na Amazônia, nos anos 1980. Uma das primeiras aldeias onde realizou seu trabalho de campo foi a Vendaval, no Amazonas. À época, ela pesquisava para sua tese de doutorado na área de Linguística pela Unicamp (Universidade de Campinas, São Paulo) sobre a língua Ticuna, falada por um dos maiores grupos indígenas do Brasil. Atualmente, é professora associada do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Coordenou e executou trabalhos linguísticos voltados para inventários e acervos de pesquisa e recebeu, no Brasil, prêmios por projetos sobre línguas indígenas. Além de prosseguir com suas investigações sobre os ticunas, conhece outras línguas indígenas, em especial das famílias tupi-guarani e pano.

Fonte: Amazônia.org.br

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