Livro apresenta radiografia do município de Humaitá-AM
Humaitá: ecos de um Povo é, ao mesmo tempo, uma radiografia e um compêndio de contribuições para orientar as políticas públicas, não apenas para aquele município, mas para o conjunto dos municípios do interior do Estado do Amazonas. Assinado pela assistente social Iraildes Caldas Torres, doutora em Ciências Sociais/Antropologia pela PUC de São Paulo, o livro em questão é resultado de um trabalho exaustivo de pesquisa iniciado em 1997, por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas, intitulado “Zoneamento do Vale do Madeira”.
O livro está organizado em sete capítulos. No primeiro, a autora trabalha a questão histórica da presença humana na Amazônia brasileira e a formação e procedência familiar dos habitantes da cidade de Humaitá. Do universo de 320 domicílios pesquisados, 44% das famílias têm procedência da zona rural do próprio município. Outros 20% vieram de outros estados da federação, e 19%, de outros municípios do interior do Amazonas. Apenas 3% das famílias saíram de Manaus para morar em Humaitá.
O estudo da infra-estrutura urbana do município, retratado no segundo capítulo, mostra, inicialmente, como está organizada a área urbana. São 12 bairros e 167 ruas, que formam uma rede viária de 67 quilômetros de extensão. A pavimentação atingia 57% da rede viária e apenas 14,3% das ruas possuía calçadas para pedestres. 43% das ruas não tinham rede de esgoto. As famílias canalizavam a água servida para valas nas frentes das casas ou diretamente sobre o leito da vias. Os dados sobre os equipamentos urbanos e a serviços públicos também estão detalhados no livro.
No campo da educação, um dos méritos da pesquisa é ter buscado a causa da evasão escolar entre crianças e adolescentes. Dos 63 estudantes que abandonaram a escola 25% disseram que o fizeram para trabalhar; 11% porque não conseguem aprender e 12% porque não gostam da escola.
O atendimento básico de saúde foi considerado insuficiente para a demanda do município. Os problemas de saúde têm causa, segundo a análise da pesquisa, nas péssimas condições de infra-estrutura, principalmente na precariedade do esgotamento sanitário. A saúde bucal é outro problema: 75% das crianças não freqüentam o dentista regularmente.
O trabalho analisa ainda os serviços de segurança (considerado bom), transporte (perigoso) e lazer (precário) no município. O sexto capítulo, destinado à organização social, destaca principalmente o trabalho do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Igreja Católica, com seus grupos organizados, como aspectos positivos.
O sétimo e último capítulo, trata da problemática social, que afeta principalmente crianças, adolescentes e idosos. Destaque para o problema da exploração sexual infanto-juvenil. Apesar de não apresentar dados sobre essa questão, na pesquisa, dos 320 domicílios visitados, 23% informaram que conhecem algum caso de exploração sexual no município entre crianças e adolescentes.
O mérito de Humaitá: Ecos de um Povo é lançar um olhar sobre as pessoas que moram e constroem um dos municípios mais antigos do Amazonas. Como escreveu o geógrafo José Aldemir de Oliveira, na apresentação, “O livro não trata da cidade como funcional reduzida caricaturalmente. No livro a cidade é mais do que isso, é o lugar de morar, trabalhar, circular, cuidar do corpo e do espírito”.
Título: Humaitá: ecos de um Povo
Autora: Iraildes Caldas Torres
Páginas: 215
Editoras: EDUA e Editora Inpa
Ano: 2007
A obra foi publicada com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).