Estudantes resgatam paisagem do bairro Colônia Antônio Aleixo
29/07/2010 – Estudantes do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Nossa Senhora das Graças realizaram uma pesquisa sobre as mudanças na paisagem do bairro Colônia Antônio Aleixo. A pesquisa faz parte do Programa Ciência na Escola (PCE) fomentado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). A escola fica localizada na Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste de Manaus.
A pesquisa “Metamorfoses do espaço: um estudo sobre as mudanças na paisagem do bairro Colônia Antônio Aleixo’ foi realizada durante o período de junho a dezembro de 2009.
O geógrafo e coordenador do projeto, Elias de Oliveira Moraes, afirma que a pesquisa foi importante, porque envolveu os alunos e a comunidade. “A pesquisa foi bastante relevante para os alunos devido a área se constituir em um vasto campo de investigação interdisciplinar, e possuir um significado relevante, pois, através de uma visão particular da realidade, podemos compreender algumas características da dinâmica que envolve o estudo das diversas paisagens e das metamorfoses do espaço habitado”.
O coordenador do projeto lamenta que nos últimos anos diversos pavilhões do complexo Colônia Antônio Aleixo tenham sido demolidos pelo poder público. “As demolições aconteceram para darem lugar a novos conjuntos habitacionais, destinados aos ex-hansenianos e seus familiares, gerando diferentes pontos de vista entre os moradores antigos, entre aqueles que veem o novo lar como uma melhoria na condição social e aqueles que lamentam a demolição de objetos simbólicos, carregados de significados e sentimentos, constitutivos de uma forte representação identitária do lugar”.
De acordo com ele, as mudanças funcionais podem ser percebidas em antigos pavilhões de moradia dos homens, das mulheres, na antiga enfermaria, no centro de reabilitação, refeitório, escritório administrativo e antigas residências, onde respectivamente, funcionam, atualmente, um supermercado, uma delegacia, uma policlínica, um centro social e um conjunto de residências.
Um pouco da história da Colônia Antônio Aleixo
O bairro Colônia Antônio Aleixo se formou na década de 1930, durante o governo ditatorial do presidente Getúlio Vargas, que ordenou ao então ministro Tancredo Neves, a construção, no local, de 16 pavilhões, feitos de madeiras nobres, como Acaru e Maçaranduba. Esses pavilhões deveriam abrigar os nordestinos trazidos para reativar os seringais da Amazônia, os chamados “soldados da borracha”, sob a liderança do comandante Antônio Guedes Brandão.
Os arigós, como eram conhecidos, ficavam alojados no local enquanto aguardavam para serem transferidos até os seringais, no interior do Estado. Após a partida dos nordestinos, o local ficou abandonado até ser ocupado novamente, desta vez por portadores de hanseníase, uma vez que, a região era isolada e o trajeto até a cidade, feito margeando o rio Negro.
No início da década de 1940, o doutor Menandro Tapajós, numa viagem a Minas Gerais, convidou o médico mineiro Antônio Aleixo para iniciar um trabalho pioneiro num leprosário, que funcionaria nos pavilhões abandonados pelos arigós. Assim, o tratamento dos portadores de hanseníase começou com apenas seis pacientes, e por volta de 1942, os doentes que eram tratados no antigo leprosário de Paricatuba foram trazidos, em grande parte pelo ex-foguista Raimundo Mendes para a nova colônia, que ganhou o nome do seu fundador e patrono, Antônio Aleixo.
O atendimento era inovador e permitia, devido às descobertas de novos medicamentos, uma maior sobrevida aos portadores da enfermidade. Mas a Colônia Antônio Aleixo permanecia ainda isolada do resto da cidade, sob o estigma da lepra. Era evitada pelos demais moradores de Manaus e ainda não recebia um tratamento de infraestrutura adequado por parte das autoridades públicas. Conhecido popularmente como leprosário, o bairro abrigou durante três décadas estritamente os portadores de hanseníase.
Com o passar do tempo, começou a servir de moradia também aos parentes dos doentes, que aos poucos foram se integrando à comunidade. (Fonte: Wikipédia)
Sobre o PCE
O PCE é uma ação criada pela FAPEAM com objetivo de estimular a participação de professores e estudantes da rede estadual e municipal de ensino público no Amazonas em projetos de pesquisa científica e tecnológica a serem desenvolvidos nas escolas.
O programa tem se mostrado uma estratégia bem sucedida na formação de pesquisadores ainda na fase escolar e conta com a parceria das secretarias estadual (SEDUC) e municipais de ensino (SEMED).
Foto 1 – Antigo pavilhão de mulheres e atualmente delegacia de polícia (Foto: divulgação)
Vanessa Leocádio – Agência FAPEAM
belíssima pesquisa sobre minha comunidade . imensamente engrandecida pela pesquisa.
Bonita essa história