Especialistas desenvolvem robô para simular como animais veem a floresta


Um robô que mostra como animais enxergam a Floresta Amazônica. Essa inovação, em fase de desenvolvimento por engenheiros e psicofisiólogos há quase um ano, fará parte das atrações do Museu da Amazônia (MUSA), situado em plena floresta. A expectativa é de que o equipamento esteja disponível aos visitantes do museu ainda neste semestre.

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Chamado de Musot, em referência a um robô do MUSA, o equipamento contará com uma programação pela qual será possível fazer a simulação de como alguns animais veem e observam o mundo. Ou melhor, como veem a Floresta Amazônica.

“O Musot será programado para observar como macacos, cotias e serpentes enxergam o mundo”, informa o diretor do Museu, o físico Ennio Candotti. Ele fez questão de ressalvar: “É claro que essa é uma hipótese de como os animais enxergam o mundo. Porque, até agora, não se tem a certeza experimental de que os animais veem da forma com que programamos no Musot”.

A estimativa do diretor do Museu da Amazônia é de que a inovação possa divertir o público e despertar o interesse de crianças e curiosos em estudar os segredos da percepção animal.

Avanço da ciência na compreensão da visão dos animais

Com apoio do Fundo Amazônia e do CNPq, a inovação foi apresentada, em janeiro deste ano, no workshop Sistemas Sensoriais na Amazônia, realizado no Museu da Amazônia, onde especialistas discutiram aspectos sobre a visão dos animais.

Participante do evento, a pesquisadora Dora Fix Ventura, do Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), fez a abertura do evento e, em conferência, discorreu sobre a diversidade da visão no mundo animal.

Estudiosa do assunto, Dora destacou a imensidão da variedade de visão dos animais. Segundo ela, existem animais adaptados à vida diurna, outros à vida noturna. “Fisiologicamente, o sistema nervoso ligado a esses olhos e a ótica do olho são diferentes entre noturnos e diurnos. Também existe diferença entre os diurnos, apesar de não entendermos, ainda, muito bem o porquê dessas diferenças.”

A pesquisadora acrescentou que existem animais  que possuem uma visão com três ou quatro cores, enquanto outros veem com uma ou duas cores. Nesse caso, ela disse que alguns mamíferos possuem uma visão com cores parecidas com daltônicos humanos (incapacidade de ver todas as cores).

Função educativa

Para o engenheiro responsável pelo desenvolvimento do robô, Roberto Tavares, a função do Musot é educativa. Porque um dos objetivos do projeto é simular os diferentes modos com que os animais veem o mundo (pelo menos é o que se imagina ser). “Hoje a visão que temos da Floresta Amazônica ou os objetos que nos cercam é baseada simplesmente no nosso sistema sensorial. Não temos como perceber o mundo a não ser pelos nossos próprios sentidos, que na verdade é apenas uma das visões possíveis.”

O engenheiro citou o exemplo da abelha que consegue identificar o néctar das flores através dos raios ultravioleta, exatamente por um sensor de UV que a possui e auxilia nessa coleta. “Cada animal possui uma forma de interação com a natureza bem particular. Somos um conjunto de espécies animais, cada uma vendo o mundo de forma diferente”, observa o engenheiro.

Fonte: Jornal da Ciência

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