Ciência e saber popular: estudo analisa potencial medicinal de plantas
Boldo, coirama, hortelã, babosa são as plantas medicinais mais utilizadas no tratamento de enfermidades comunidades
A atividade camponesa na várzea é uma tradição herdada dos índios. Era costume aproveitar a vazante dos rios para cultivar em terras mais férteis. Nesse período, os indígenas cultivavam alimentos para o seu sustento e também plantas medicinais.
A tradição ainda é presente em comunidades no interior do Estado do Amazonas, que utilizam as plantas medicinais para curar enfermidades. Mas com o tempo, por questões culturais e religiosas ou simplesmente pelo fato de o costume não ser passado adiante, a tradição vem sendo esquecida, e substituída pela medicina formal.
A fim de compreender essa dinâmica, a pesquisadora Suzana Camurça Nobre está desenvolvendo sua pesquisa de mestrado intitulada “O mundo do trabalho camponês na várzea amazônica: memórias sobre o uso de plantas”. O projeto propõe compreender os significados de saúde e doença entre os ribeirinhos da comunidade Nossa Senhora das Graças, no município de Manacapuru, e fazer um levantamento sobre as plantas medicinais utilizadas.
No primeiro contato com a comunidade, a pesquisadora entrevistou agentes tradicionais (rezadores, parteiras, pessoas que possuem conhecimento sobre plantas e tem prestígio entre os ribeirinhos) e de medicina formal, que atuam nos cuidados da saúde dos moradores locais.
Segundo a pesquisadora, foram identificadas vinte e cinco espécies de plantas medicinais cultivadas na região. Entre as mais utilizadas estão o boldo, usado para problemas estomacais, a hortelã, consumida na forma de chá para o alívio de cólica, e a coirama, para tratar inflamação.
Ainda de acordo com Nobre, o próximo passo é aprofundar sua pesquisa na história de vida das parteiras, rezadeiras, benzedeiras e outras pessoas da comunidade, e a sua relação com uso das plantas medicinais.
O projeto faz parte do Programa de Pós Graduação em Sociologia, da Universidade de Federal do Amazonas (Ufam), e tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, através do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad).
Luana Ribeiro – Agência Fapeam