Café no Amazonas tem inovação em três municípios do Estado


Pesquisadores colhem os primeiros frutos de lavouras de cafés Robustas Amazônicos, desenvolvidos no estado de Rondônia e, que agora estão sendo testados no Amazonas. A colheita é resultado de um estudo experimental, em andamento, que objetiva realizar, em campo, ensaios de competição de clones de plantas da espécie Coffea canephora, para seleção de genótipos superiores e aptos para o cultivo.

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) os pesquisadores estão avaliando o desempenho agronômico de 15 genótipos clonais (‘Conilon’ x ‘Robusta’), nas condições de solo e clima do Amazonas, em três unidades experimentais instaladas nos municípios de Manaus, Itacoatiara e Humaitá.

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O projeto denominado “Seleção de clones de Coffea canephora para o estado do Amazonas” é coordenado pela pesquisadora Maria Teresa Gomes Lopes e desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa–Rondônia) e Embrapa Amazônia Ocidental e, amparado pelo Programa de Apoio Estratégico ao Desenvolvimento Econômico-Ambiental do Estado do Amazonas (Amazonas Estratégico), Edital Nº 004/2018.

Cafeicultura

Avaliar a adaptabilidade e estabilidade dessas cultivares é importante para analisar a viabilidade econômica dessa atividade agroindustrial e, assim desenvolver uma lavoura eficiente, competitiva e ambientalmente sustentável, além de contribuir para melhoria das técnicas de manejo da cultura e, impulsionar a cafeicultura clonal tecnificada no Estado.

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Pesquisador do projeto, Hugo Tadeu.

Para o pesquisador do projeto, Hugo Tadeu, o estudo deve favorecer o crescimento da cadeia produtiva do café, com ênfase no fortalecimento da agricultura familiar no Amazonas, visando gerar renda para os agricultores e, desenvolvimento para o agronegócio cafeeiro no Estado.

“A indústria de café instalada no Amazonas, uma das maiores do Brasil, importa toda a matéria-prima, utilizada em suas produções, de cafeicultores de outros estados do Brasil. Nós poderíamos produzir esses insumos no Estado através de transferência de tecnologia e conhecimento, para o produtor rural e, com isso, fornecer o produto às fábricas, por meio de agricultores do Amazonas”, disse Hugo Tadeu.

Visando a expansão da cultura do cafeeiro no Estado e a difusão do plantio entre os agricultores da região, foram realizados treinamentos de recursos humanos no Amazonas, por meio de dias de campo, para realizar a transferência da tecnologia de produção, tencionando a melhoria do cultivo da espécie. 

Plantio

Em Manaus, o plantio da cultura está instalado na Fazenda Experimental da Ufam (FAEXP) e ocupa uma área ¼ de ha, com 640 mudas de cafés plantadas, para avaliação do desempenho agronômico dos Robustas Amazônicos, oriundos do Programa de Melhoramento de C. canephora da Embrapa Rondônia. 

A estimativa dos pesquisadores é colher, aproximadamente, 60 sacas de grãos por hectare em média, na primeira safra comercial e, com expectativa que a saca de 60Kg de café beneficiado seja comercializada com valor em torno de R$ 480. 

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Café avaliado

A partir do primeiro ciclo de produção serão avaliadas 16 características do café cultivado, entre elas: ciclo (número de dias do florescimento principal da planta à colheita); produtividade média de grãos (em quilogramas por hectare, com 12% de umidade); relação do café cereja (natural) e café beneficiado; percentuais de grãos chatos e moca, tamanho de grãos (pelo método de peneira – avaliando as peneiras), uniformidade de maturação e qualidade de bebida.

O estudo deve analisar, ainda, a resistência ou tolerância da espécie às principais doenças e insetos-pragas que atacam o cafeeiro. Com isso, a pesquisa apontará as cultivares que possuam frutos com boas características.

“Prova de xícara”

Hugo Tadeu explicou que as amostras, com 100% de frutos maduros, serão encaminhadas para análise sensorial com a finalidade de serem avaliados o sabor, a fragrância, a acidez e a qualidade final do café para determinar o potencial dos genótipos nos diferentes ambientes cultivados.

“Nós queremos avaliar as características desse café para buscar grãos que tenham maior teor de cafeína e sólidos solúveis e que atendam a demanda da indústria de solúveis e estimulantes. Também pretendemos realizar testes sensoriais para avaliar quais clones apresentam maior potencial para a produção de cafés especiais e, assim, poder melhorar a qualidade do produto final do nosso cafezinho de todos os dias”, explicou Hugo Tadeu. 

Amazonas Estratégico 

Criado pela Fapeam, o Programa Amazonas Estratégico financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, nas seguintes linhas temáticas: 1) Agricultura (Fruticultura); 2) Aquicultura (Piscicultura e Peixes Ornamentais); 3) Química Fina, Biocosméticos e Biofármacos; 4) Tecnologia da Informação e Comunicação; 5) Novos materiais (bio-compósitos, compósitos avançados e metamateriais bio-inspirados); 6) Recuperação/Regeneração de Área Degradada; 7) Serviços ambientais; 8) Mineração.

Por: Helen de Melo

Fotos: Érico Xavier

 

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