A Dor: por um tratamento interdisciplinar
“A dor sempre acompanhou o homem em sua trajetória pela Terra”, afirma João Augusto Figueiró, médico psicoterapeuta do Centro Mulitidisciplinar de Dor do Hospital das Clínicas da USP, em seu livro “Dor”, da série “Folha Explica”.
O autor aborda o assunto traçando paralelos entre o médico e o não-médico, entre a ciência e a literatura. O objetivo é retratar, de forma simples, novas descobertas sobre a dor, como, por exemplo, a visualização por imagens de mudanças metabólicas durante os fenômenos dolorosos e a identificação de vias que aumentam, reduzem ou até impedem a dor.
A história mostra que os povos lidam com a dor de diversas formas, levando em conta suas crenças, aspectos genéticos, psicológicos e culturais, assim descreve Figueiró. Ela aparece como fonte de libertação de pecados e culpas, comprovação de coragem e força, manifestação de forças do mal. Existem, ainda, aqueles que idolatram a dor, tratando o mal-estar como esconderijo para seus medos.
Apesar das explicações já difundidas, o psicoterapeuta cita, ainda, as chamadas dores fantasmas, como o surgimento do fenômeno doloroso em amputados. Além das dores de cabeça não mais consideradas sintoma pelo seu caráter permanente, devendo ser tratada de forma específica.
Perda da qualidade de vida e via de acesso para outras doenças como a depressão, Figueiró defende que a dor precisa ser diagnosticada de forma interdisciplinar, sendo necessário recorrer à medicina física, farmacoterapia, fisioterapia, psicologia.
Crenças de que a dor é essencial para o diagnóstico, que sua manifestação é incontrolável, bem como a subestimação do sofrimento fazem com que a dor não seja devidamente controlada em diversos países, inclusive no Brasil. O psicoterapeuta alerta, também, para o perigo da auto-medicação e afirma ser injustificável que alguém sofra dor sem ter acesso a tratamento.
com informações da Agência Folha