Criação de tambaqui curumim em cativeiro é foco de pesquisa
20/01/2011 – Uma ação transformadora possibilitou a mudança da atividade extrativista para a produtiva nas seis comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé. Essa experiência ocorreu a partir da implementação do projeto de pesquisa da Doutora em Ciências/Energia Nuclear na Agricultura, Ana Cristina Belarmino de Oliveira, e professora do Departamento de Ciências Pesqueiras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
“Foi uma experiência inédita, pois, até então, eu coletava em campo e pesquisava em laboratório, sem nenhum relacionamento com as comunidades rurais. E, a partir da integração com esse público, percebi que a pesquisa só é realmente produtiva quando se consegue interagir com quem precisa do conhecimento e das informações geradas”, afirmou Oliveira.
Nesse sentido, a pesquisa intitulada “Aspectos socioeconômicos do cultivo comunitário do tambaqui (Colossoma macropomum) em tanques-redes, como alternativa produtiva sustentável da reserva RDS do Tupé”, visou avaliar os aspectos socioeconômicos do cultivo da espécie amazônica numa Unidade Familiar de Produção (UFP).
Com apoio financeiro de aproximadamente R$ 30 mil, o estudo contou com o suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), sendo iniciada no segundo semestre de 2008.
A ideia
A pesquisa surgiu a partir de um projeto de extensão da Ufam, desenvolvido há algum tempo na comunidade. Por conta disso, a professora explicou que a implementação de uma UFP de peixe tambaqui curumim, de 400 kg, só seria possível a partir da construção de sete tanques, “esse é o peso ideal para comercialização da espécie”, salientou a Oliveira.
A professora observou que, quando consolidada na sua totalidade, a atividade gerou uma expectativa diferenciada em razão dos próprios comunitários terem cultivado, consumido e comercializado o peixe produzido. Isso fez com que a comunidade acreditasse na importância econômica viável para a RDS do Tupé.
“A partir destes resultados houve a ampliação do projeto, congregando mais pesquisadores, o que possibilitou entender as relações socioeconômicas e perceber a importância do fomento para atividades produtivas comunitárias”, destacou a pesquisadora.
Resultados
A montagem de experimentos com estudantes de graduação para determinar a densidade, a viabilidade econômica, dentre outras ações acadêmicas também serviram de indicativos que a professora aponta como resultados do projeto.
“Agora é possível mensurar qual a quantidade de tanques necessários para viabilizar economicamente a criação da espécie em uma determinada comunidade”, explicou a professora mencionando ainda outro fator, considerado importante nesse processo, a avaliação quantitativa de comunitários para o desenvolvimento das atividades produtivas.
Além das pesquisas desenvolvidas por alunos de graduação e de pós-graduação, a professora disse que conseguiu a aprovação de sete projetos para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, congregando estudantes das escolas comunitárias.
Benefício
Ela lembra que, antes da implementação do projeto, a comunidade da RDS do Tupé não tinha o que comer, pois em determinada época do ano, principalmente no período da cheia, o peixe desaparecia e muitas comunidades ficavam isoladas. Mas, a partir do manejo sustentável, essa realidade mudou. “A comunidade, acreditando nessa atividade econômica, passou a imaginar esse trabalho como se fosse uma reserva alimentar, ou uma despensa da casa”, finalizou.
Apoio da FAPEAM
Segundo Oliveira, o apoio da FAPEAM foi fundamental para o custeio da pesquisa. “Nós tínhamos dificuldade de manutenção permanente na comunidade, pois, para realizar um trabalho desse porte, teríamos que dar suporte e permitir condições favoráveis para que os alunos pudessem acompanhar as atividades de manejo. Sem esse apoio, isso não seria possível.”, finalizou.
Sobre o Programa
O Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT) consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Redação: Sebastião Alves
Edição Ulysses Varela – Agência Fapeam
Parabéns pelo belo trabalho. Desejo-lhes muitos sucessos.