Estudo conta a história da cultura de juta e malva no Brasil


Segundo o estudo, a cultura da juta e, mais tarde, da malva no Amazonas fizeram do Brasil o único país fora da Ásia a fazer concorrência à produção indiana

Estudo conta a história da cultura de juta e malva no Brasil

Para contribuir com a retomada de pesquisas sobre o cultivo de juta e malva na Amazônia e seus desdobramentos sociais, econômicos e ambientais, além de produzir novos conhecimentos sobre essas modalidades agrícolas, o pesquisador Aldenor da Silva Ferreira, desenvolveu um estudo com apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) para fazer um resgate histórico do cultivo de juta e malva no Brasil.

“A ideia de contar a história da juta e da malva foi produzir novos conhecimentos acerca dessas modalidades agrícolas, corrigindo algumas informações equivocadas, como a que afirma que o cultivo dessas plantas no Brasil só ocorreu na Amazônia”, disse o pesquisador.

Com o título “Fios dourados dos trópicos: culturas, histórias, singularidades e possibilidades (juta e malva – Brasil e Índia)”, o estudo foi no âmbito do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH Doutorado) da Fapeam.

Segundo o estudo, a cultura da juta e, mais tarde, da malva no Amazonas fizeram do Brasil o único país fora da Ásia a fazer concorrência à produção indiana. No auge da produção, em 1960, mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos Estados do Amazonas e Pará viviam da extração das fibras de juta, sem contar as fábricas e prensas que surgiram e outras que se transferiram do Sudeste para o Norte e se instalaram em cidades polos, como Castanhal, Belém e Santarém, no Pará, e Parintins e Manaus, no Amazonas, fazendo o Brasil autossuficiente para importação da fibra.

De acordo com o pesquisador, a ligação com a Índia se dá por esse país ser líder mundial na produção de juta bruta e manufaturada e foi de lá que vieram as sementes dessa planta para o Brasil.

Estudo conta a história da cultura de juta e malva no Brasil

No auge da produção, em 1960, mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos Estados do Amazonas e Pará viviam da extração das fibras de juta.

Para Aldenor Ferreira, além de estudar de onde se originou a juta no Brasil, outro ponto que motivou a pesquisa na Índia foi a possibilidade do intercâmbio entre os Estados do Amazonas, Pará e Bengala Ocidental (na Índia), no campo da produção de fibras vegetais.

“Na Índia, eles possuem dezenas de instituições de pesquisas que trabalham exclusivamente com a cultura da juta e fibras similares e promovem estudos de melhoramento genético da cultura, além do desenvolvimento de novos produtos feitos a partir de fibras de juta. Isso pode contribuir bastante para as pesquisas sobre o desenvolvimento de juta no Brasil”, afirmou Ferreira.

Segundo o pesquisador, a cultura de juta e de malva pode servir como solução econômica viável frente ao cenário econômico atual.

“Em tempos de crise econômica mundial, políticas públicas voltadas para a substituição das importações são estratégias de controle de saída de capital, além da geração de emprego e renda no campo e também nas cidades”, ressaltou Aldenor Ferreira.

Estudo virou livro

O estudo resultou em um livro também com apoio da Fapeam, publicado pela Editora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A obra trata da vida dos trabalhadores da juta e da malva do Baixo Solimões e é resultado da dissertação do mestrado de Aldenor Ferreira.

“Quando a Agência incentiva e financia pesquisadores amazonenses como eu, que sou de Parintins, a realizarem pesquisas com temas que interessam diretamente ao Estado, ela não apenas está fomentando a pesquisa, como também está ajudando a resolver os problemas econômicos amazonenses. O tema da juta e malva é extremamente importante para o Amazonas, daí a importância da Fapeam no financiamento de pesquisas que tragam resultados práticos e que possam ser replicados dentro do Estado de forma direta ou indireta”, disse o pesquisador.

Ada Lima / Agência Fapeam

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