Pesquisas sobre manejo florestal avançam no Amazonas
09/02/2012 – A Região Norte do Brasil possui a maior bacia hidrográfica do planeta, uma biodiversidade extensa, além de um quarto de todas as espécies animais e vegetais do planeta. A floresta contribui com um efeito moderador sobre o clima, ajudar a manter a qualidade das águas e a estabilidade do solo. Tantos atributos geram desafios, entre eles descobrir como fazer a exploração correta destes recursos sem danificar o ecossistema.
No caso da floresta e da madeira o manejo sustentável representa um modelo de exploração racional sobre os elementos naturais priorizando sempre a permanência das árvores ‘em pé’. Foi justamente a partir deste conceito que o doutor e pesquisador da área de Engenharia Florestal, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Niro Higuchi, pesquisou e avaliou durante quatro anos a situação do manejo florestal no Estado do Amazonas.
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O projeto intitulado ‘Manejo Florestal Sustentável para a Amazônia’ contou com recursos do Governo do Estado do Amazonas, por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq).
Sustentabilidade na Amazônia
O manejo sustentável é, segundo os especialistas, a melhor solução para a exploração racional de madeira e outras riquezas não madeireiras da floresta. Estudos apontam que uma floresta bem manejada continuará a oferecer riquezas para as gerações futuras, pois ela faz parte dos recursos renováveis. O bom manejo implica numa exploração cuidadosa, com impacto ambiental reduzido para permitir com isso que a floresta se regenere.
De acordo com o pesquisador Niro Higuchi, as ações atuais de desmatamento estão sempre relacionadas a questões econômicas. Ele explica que quando a economia está muito aquecida a pressão sobre a floresta aumenta, principalmente para a implantação de projetos agropecuários. “Estamos vivendo um momento de crise mundial, apesar da economia nacional estar bem aquecida, ainda hoje é possível ver altos índices de áreas desmatadas e a falta de ações estruturantes ajuda a alimentar essa problemática”, revelou o pesquisador.
Pronex
O projeto contou com a participação de 17 pesquisadores, sendo sete do Inpa, cinco do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP) e cinco da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Higuchi salientou que o tempo foi curto para se ter uma resposta concreta e que no decorrer dos trabalhos, ficou claro para os pesquisadores que a madeira amazônica pode ser uma ‘janela de oportunidades’.
“Se considerarmos o mercado internacional de madeira tropical, os principais abastecedores desta matéria-prima estão desaparecendo. Já não existem mais os fornecedores principais, suas reservas estão no fim e a Amazônia está praticamente intacta. Apesar do desmatamento, cerca de 80% da floresta ainda está preservada. Este quadro é a chance do Brasil se firmar como o novo fornecedor de madeira tropical sustentável para esse mercado, mas essa oportunidade tem de ser feita com cuidado”, explicou Higuchi.
O grupo de pesquisa de Manejo do Inpa viu a necessidade de dividir o conhecimento e ideias com alunos, professores e graduandos. “Para se ter profissionais capazes de atuar com a floresta amazônica precisamos de conhecimento, foi preciso ir ao ensino básico, porque é de lá que se começa a fase do amadurecimento das ideias em qualidade e quantidade. Tentamos atuar desde a base até o nível Superior na tentativa de estimular e preparar bons profissionais”, destacou o pesquisador.
Dinâmica do carbono
Durante a pesquisa foram feitos experimentos para agregar o valor do carbono à madeira. O pesquisador, juntamente com equipe, realizou medições do carbono como serviço ambiental fazendo a precipitação média anual e a variável meteorológica para o setor florestal da Amazônia.
O estudo detectou que a temperatura média anual varia pouco dentro da Amazônia Legal, apenas 8%. O crescimento e o incremento das árvores amazônicas apresentam correlações significativas com a precipitação (chuvas). Apenas o crescimento e incremento não são suficientes para determinar se a floresta está usando ou emitindo carbono.
“Na escala regional, a falta de chuvas tem contribuído com o aumento da mortalidade das árvores amazônicas, já na escala de comunidades, é o excesso de chuvas que mais contribui para o aumento da mortalidade”, explicou.
Resultados
Uma das metas firmadas pelo projeto foi a consolidação do Grupo de Pesquisas Manejo Florestal. O grupo, agora com 32 anos de atuação no Estado formou opiniões e profissionais capacitados para dar continuidade às pesquisas na área de manejo florestal. No decorrer do projeto, houve 33 publicações técnico-científicas e formação direta e indireta de 16 mestres e sete doutores.
Higuchi enfatizou que o desenvolvimento do programa foi crucial para a continuidade do grupo de pesquisa de manejo. “A FAPEAM por meio do Pronex foi fundamental para este projeto, pois consolidou ainda mais as pesquisas na área e mostrou que esse trabalho não pode parar”, alertou.
Sobre o Pronex
Esse programa, desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que possam contribuir para o processo de difusão e popularização da CT&I no Estado do Amazonas.
Redação: Rafaela Vieira
Edição Ulysses Varela – Agência FAPEAM