Mandioca substitui milho em ração para aves poedeiras

Pesquisa revelou que a substituição do milho por farinha de mandioca não altera a produção de ovos e pode reduzir custos do produto

É possível substituir 100% do milho pela farinha do resíduo da mandioca em rações de poedeiras comerciais sem afetar o desempenho produtivo das aves. Essa foi a conclusão a que chegou o pesquisador Frank George Guimarães Cruz, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que coordenou a equipe do projeto “Efeitos da substituição do milho pela farinha de mandioca em rações de poedeiras comerciais em Manaus”. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT).

Segundo o pesquisador, o resultado revela que é possível oferecer aos produtores locais a oportunidade de utilizarem um produto alternativo regional de custo baixo na alimentação de aves e, ao mesmo tempo, possibilitar aos produtores rurais agregar valor à cultura da mandioca, através do aumento de renda proveniente da comercialização do resíduo da mandioca. “A pesquisa tem despertado interesse de produtores de ovos da região, uma vez que o milho, principal ingrediente utilizado nas rações avícolas, é todo importado e, a cultura da mandioca possui grande potencial produtivo na nossa região”, assegurou o pesquisador, no relatório final da pesquisa.

O experimento de Frank Cruz e de sua equipe teve duração de 140 dias, com cinco intervalos de 28 dias cada. O ingrediente utilizado para substituir o milho nas rações das aves foi a farinha do resíduo da mandioca obtido de aparas (conhecidas popularmente como toco da mandioca). Os pesquisadores utilizaram 200 galinhas poedeiras da linhagem Lohmann-LSL com 46 semanas de idade alojadas em 25 gaiolas.

As aves foram divididas em cinco grupos e cada grupo recebeu um tipo diferenciado de ração. O primeiro recebeu a ração 100% de milho. O segundo grupo comeu ração com 25% de mistura de farinha de mandioca. Para o terceiro grupo, a mistura foi de 50% e para o quarto grupo, de 75% de mandioca. O último grupo teve 100% de substituição da ração de milho por farinha de mandioca. Os pesquisadores utilizaram óleo de dendê nas rações como suplemento energético e como fonte de pigmentação da gema de ovo, nos tratamentos que utilizaram a farinha para mandioca.

A viabilidade, produção de ovos, conversão alimentar (kg/dz) e conversão alimentar (g/g) não apresentaram diferenças significativas. O peso do ovo, percentual da gema, percentual da casaca, espessura da casca e gravidade específica sofreram baixa influência dos tratamentos. Já a massa de ovo e o porcentual de gema não sofreram influência dos alimentos.

O tratamento com substituição de 50% do milho, apesar de apresentar maior peso do ovo, foi o que revelou menor percentual de casca, ou seja, tinha a casca mais frágil. A coloração da gema sofreu efeito dos tratamentos reduzindo linearmente à medida que se aumentava o nível de substituição do milho. “Do ponto de vista econômico, o tratamento com 100% de substituição do milho pela farinha resíduo de mandioca apresentou maior diferença no custo por quilo de ração, dúzia de ovo e caixa de ovo, em relação aos demais tratamentos. É possível substituir 100% do milho pela farinha do resíduo da mandioca sem alterar a produção de ovos e a conversão alimentar”, assegurou o pesquisador, que também faz um alerta: “a substituição dependerá do custo em relação ao milho e dos pigmentantes a serem utilizados para corrigir a pigmentação da gema”.

Valmir Lima – Decon/Fapeam

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