PENSANDO A QUESTÃO ENERGÉTICA NA AMAZÔNIA
spectiva da integração interna e externa no âmbito geopolítico. Outro fator preocupante é o acelerado processo de urbanização das populações humanas, que se verifica em toda a Amazônia. Daí surge a grande questão: como abastecer e atender, com qualidade, uma sociedade que não foi educada a conservar energia? Isto é particularmente grave quando se constata que a matriz energética nesta região, restringe-se a poucas fontes.
A crise energética que se verifica na maioria dos Estados desta região, só pode ser explicada a partir da falta de um planejamento estratégico para o setor e, de uma política que privilegie as fontes alternativas de energia, sobretudo as renováveis e de baixo impacto ambiental.
O caso do Amazonas é exemplar. Excetuando Manaus que, apesar de ser abastecida por duas fontes de energia: hidroelétrica e termoelétrica, convive cotidianamente com a falta e baixíssima qualidade de energia – todos os demais Municípios do Estado são abastecidos, precariamente, por uma única fonte de energia: óleo diesel.
Este fato serve para ilustrar que a política energética nacional e em particular da região amazônica, não atende aos interesses de sua população.
A construção das hidrelétricas (Tucuruí, Samuel e Balbina) além dos impactos ambientais causados, privilegiaram os grandes projetos da Amazônia. Grande parte dos 4.000 MW gerados pela hidrelétrica de Tucuruí foi para atender o Complexo de Carajás. Por outro lado, Balbina produz menos da metade (250MW) da demanda energética de apenas um (Manaus) dos 62 municípios do Amazonas.
O primeiro plano (Plano 2010) do setor elétrico da Amazônia teve como previsão construir até o final da década de 90, várias hidrelétricas de grande porte preferencialmente nas bacias dos rios Tapajós e Xingu. A previsão não era atender o mercado consumidor local e sim, os grandes centros de consumo localizados em outras regiões do país. O que se sabe é que, pouco mais de 20% do potencial hidroelétrico nacional foi utilizado.
Outro plano foi gerado (Plano 2015) visando dar continuidade à expansão do setor, porém sem maior repercussão quanto a sua implementação. Vale ressaltar que apenas Tucuruí teve sua capacidade de geração de energia ampliada, através da instalação de turbinas adicionais.
Ao considerar as inúmeras alternativas energéticas disponíveis na região amazônica (petróleo, gás natural, biomassa, solar, eólica, hidroelétrica, etc.) pode-se destacar o gás natural, como de utilização a curto prazo. As jazidas de gás natural localizadas na bacia do rio Juruá (16 bilhões de metros cúbicos) e de Urucu (25 bilhões de metros cúbicos), são mais que suficientes para atender as necessidades de consumo de cidades como Manaus e Porto Velho, sem falar das pequenas cidades ao longo das calhas dos grandes rios.
Este gás será transportado via gasoduto entre Coari e Manaus devendo atender aos principais municípios por onde o duto ira passar. Trata-se, portanto de uma fonte não renovável, porém de baixo efeito poluente.
Em relação à biomassa, a lenha e o carvão vegetal despontam como os principais componentes. O uso de lenha na Amazônia é muito restrito, não se constituindo em causa de expressivo desmatamento. Seu consumo está restrito às populações rurais de baixa renda, da periferia das cidades e de algumas padarias, olarias e outras pequenas indústrias.
O carvão vegetal é mais usado para suprir os altos-fornos que produzem o ferro gusa no complexo siderúrgico de Carajás. Embora seja, em grande parte, produzido a partir de resíduos de serrarias e da remoção da cobertura vegetal, nas áreas de assentamentos e outras para fins agropecuários, há registros de desmatamentos voltados para esta finalidade, o que é preocupante.
O uso da energia solar tem esbarrado no custo financeiro de seus componentes e da infraestrutura de geração. Ideal para pequenas comunidades isoladas na Amazônia. Seria recomendável a adoção de um modelo de sistemas híbridos (solar, eólica e diesel) como forma de baratear custos.
É notório que a matriz energética na Amazônia precisa ser reconstruída e diversificada. O potencial energético da região aponta nesta direção. Para isto será necessário realizar uma ampla revisão dos planos decenais e, fazer sólidos investimentos em ciência e tecnologia em fontes alternativas de energia.
Deve-se priorizar pequenas hidrelétricas, que é a mais adequada para a realidade geográfica da Amazônia. Da mesma forma em relação às fontes energéticas de baixo custo ambiental como: solar, eólica, gás natural e biomassa.
Dada a elevada dispersão dos aglomerados humanos na Amazônia, a formação de uma grande